Um artigo publicado no Jornal Canadense de Oftalmologia relatou um caso de Covid-19 com a apresentação inicial do paciente sendo um quadro de ceratoconjuntivite. Foi o primeiro caso relatado de quadro de olho vermelho e lacrimejamento como primeiros sintomas na América do Norte.
Conjuntivite no coronavírus
A paciente tinha 29 anos, previamente saudável, foi atendida em emergência oftalmológica com história de conjuntivite em olho direito há um dia, fotofobia e lacrimejamento. Ela havia retornado há três dias de uma viagem de um mês para as Filipinas, passando um dia em São Francisco antes de retornar ao Canadá. Dois dias após o retorno iniciou quadro de rinorreia, tosse, congestão nasal e conjuntivite no olho direito. Não teve febre. Seu acompanhante na viagem iniciou quadro de rinorreia e tosse logo após mas teve teste negativo para Covid-19.
O paciente inicialmente foi avaliado pelo médico de família no primeiro dia de sintomas e encaminhado para o oftalmologista. Foi atendida já com quadro de fotofobia, edema palpebral e descarga mucosa. A acuidade visual era de 20/20 em ambos os olhos, ao exame do olho afetado foi encontrado injeção conjuntival, folículos, pseudodendritos pequenos na córnea temporal inferior e 8 infiltrados subepiteliais com defeito epitelial no limbo temporal superior.
Foi iniciado valaciclovir oral 500 mg 3x ao dia e moxifloxacino colírio tópico 1 gota 4 x ao dia em olho direito baseado no diagnóstico presumido de ceratoconjuntivite herpética. Dois dias depois o paciente retornou com piora da hiperemia, dor e irritação ocular e foi notado linfonodo pré-auricular tenso. Ao exame oftalmológico notou-se o desenvolvimento de infiltrados subepiteliais numerosos com defeito epitelial sobrejacente. Foi continuado o tratamento com valaciclovir e moxifloxacino porém um novo diagnóstico de ceratoconjuntivite epidêmica foi feito.
No dia seguinte foi submetido à nova revisão, com piora dos sintomas oculares e piora da visão para 20/30. Havia linfadenopatia pré-auricular e cervical, conjuntivite folicular com injeção conjuntival, mais de 50 infiltrados subepiteliais discretos espalhados por toda a córnea com defeito epitelial sobrejacente. Quando examinado ele não atendia aos quesitos de recomendação locais para realização de teste para Covid-19 baseado no país de viagem do paciente.
No dia 6 de março as recomendações passaram a ser testar qualquer pessoa com sintomas que houvesse saído do Canadá e portanto a paciente foi testada com RT-PCR. O swab nasofaríngeo foi fortemente positivo para Covid-19. O swab ocular usado para os testes de gonorreia e clamídia foi testado retrospectivamente e deu fracamente positivo.
Conclusão
Esse é o primeiro artigo mostrando um caso de Covid-19 com a ceratoconjuntivite sendo seu achado principal, reforçando a importância dos Oftalmologistas se manterem vigilantes e considerarem o SARS CoV 2 como um agente causal possível em pacientes que se apresentam com conjuntivite viral, particularmente em pacientes de alto risco que vieram de ou estão em áreas de transmissão ativa do vírus.
Fonte: PebMed