Apesar de estudos revelarem que o glaucoma é mais comum – e também mais grave – em negros e hispânicos do que em brancos, pouco se sabia sobre o impacto das diferenças raciais na perda de visão e na utilização individual de recursos de saúde entre os pacientes com glaucoma.
Para se aprofundar nessa questão, pesquisadores da Johns Hopkins, Wilmer Eye Institute e Harvard University, Massachusetts Eye and Ear Institute se uniram para avaliar dados de quase um milhão de pessoas e descobriram que pacientes negros, hispânicos e nativos americanos com glaucoma têm piores resultados de visão e menos monitoramento da doença. Essas disparidades persistiram independentemente do nível socioeconômico.
Segundo o levantamento, pacientes negros e hispânicos têm cerca de 30% maior probabilidade de desenvolver visão deficiente ou receber um diagnóstico de baixa visão, e os negros são 45% mais propensos a precisar de cirurgia invasiva de glaucoma.
Com base nos dados, foi possível descobrir também que negros e hispânicos são significativamente mais propensos a experimentar progressão da relação escavação-disco para maior que 0,80. Esses dois grupos também têm mais chances de desenvolver acuidade visual pior do que 20/200, receber um diagnóstico de baixa visão ou necessitar de cirurgia de filtragem de glaucoma em comparação a pacientes brancos. A pesquisa aponta ainda que os nativos americanos são mais propensos a desenvolver baixa visão em comparação com os brancos.
O levantamento também aponta que pacientes negros e hispânicos foram menos propensos a receber exames oftalmológicos ambulatoriais e de tomografia de coerência óptica, o que sugere falta de monitoramento da doença e cuidados preventivos.
Para a pesquisa, a força-tarefa, liderada por Victoria Tseng, professora assistente de oftalmologia na UCLA, usou o Registro IRIS (Intelligent Research in Sight) da Academia Americana de Oftalmologia para avaliar dados de 996.297 pacientes com glaucoma (62% brancos, 13% negros, 8% hispânicos, 2% asiáticos/das ilhas do Pacífico e 0,3% nativos americanos e nativos do Alasca).
“Cada paciente tem necessidades diferentes em termos de capacidade de ir às consultas, de comprar medicamentos, de compreender o processo da doença, de ter apoio em casa, etc. Todos esses fatores podem influenciar a forma como são atendidos, e o plano de cuidados e tratamento de cada paciente deve ser adaptado de acordo com suas necessidades específicas”, conclui Tseng.
Fonte: American Academy of Ophthalmology