Hiran Manuel Gonçalves da Silva nasceu à beira do rio Solimões, num lugar chamado Tefé, entre Manaus e a fronteira da Colômbia. Lá passou sua infância. Formou-se em 1981 na Universidade Federal do Amazonas, umas das mais antigas do Brasil. Logo ao final de 1979 saiu para fazer o internato, a residência na Santa Casa do Rio de Janeiro. Quando voltou, em 1983, partiu diretamente para Roraima, que era onde seu pai morava na época. Lá montou sua clínica (onde atua até hoje), prestou – e passou – em um concurso de Medicina Legal. Além disso, passou também no último concurso do extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), em 1982.
Por mais de 25 anos, portanto, atuou como médico legista no Instituto Médico Legal (IML) de Roraima. Nesse período, por duas oportunidades, foi presidente do Conselho Regional de Medicina do estado, além de ter sido coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Presidente da instituição financeira cooperativa UniCred e Professor na Universidade Federal de Roraima. Se aposentou pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIAAS).
Em 2014, entrou para a política. Concorreu ao segundo mandato como deputado federal por Roraima, nas eleições de 2018, sendo reeleito. Em 2022 foi eleito para o Senado, se tornando um dos três representantes de seu estado no Congresso Nacional. É, atualmente, Presidente Estadual do Partido Progressistas (PP). Confira agora a entrevista completa.
Revista Universo Visual: Como se deu o interesse do senhor pela política?
Hiran Gonçalves: No decorrer da minha carreira, meus colegas diziam que eu era “meio líder”, que me envolvia com as pessoas, me relacionava bem. Quando foi em 2010, me candidatei à Senador. Tive uma votação muito expressiva, mas não consegui me eleger. Em 2014, resolvi me candidatar a Deputado Federal, tendo sido eleito como o mais votado na minha coligação. E foi assim que começou a minha vida política.
UV: Nessa época, quais eram suas principais atividades?
HG: Nos meus dois mandatos como Deputado Federal defendi as pautas médicas. Já no primeiro mandato fui presidente da Comissão de Seguridade Social e Família, a maior comissão de mérito e um dos principais colegiados da Câmara com 44 membros.
UV: E atualmente?
HG: Como Senador, continuo trabalhando no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), na discussão do financiamento do SUS, lutando contra a não-proliferação de escolas médicas, trabalhando para acabar com a judicialização da abertura de novas vagas de cursos de medicina. Estamos formando mais de 30 mil médicos por ano no País; precisamos ver se precisamos mesmo de novas vagas ou se é o caso de distribuir melhor. Além disso, a avaliação que se faz dos cursos é muito frágil. Há cursos muito ruins e que precisavam ser fechados. Os órgãos precisariam fiscalizar melhor antes de abrir mais cursos.
UV: E qual a diferença do trabalho como médico e como político?
HG: É muito mais fácil ser médico que ser político (risos). Os médicos têm consenso, diretrizes e protocolos e, seguindo isso, estamos fadados a ter sucesso. Na política não existe uma regra. Tem criatividade, tem argumentação, convencimento, história, equilíbrio, pensar diferente das pessoas para chegar a um objetivo… é complexo.
UV: O que o profissional médico é capaz de agregar à política? E o que a política trouxe de novo para a sua vida?
HG: Se você for um médico que se dedica a cuidar das pessoas que mais precisam, a política ganha muito. Você sai do consultório e vê onde as pessoas vivem de fato e se torna muito mais humano. A partir daí você começa a entender o que é a vida de verdade, a dificuldade para acessar a escola, para conseguir um emprego. Tudo isso a gente vê na política. Nós médicos – que já somos extremamente humanos por conta da nossa profissão – acabamos nos tornando mais humanos ainda.
UV: O senhor incentiva então a carreira política para os colegas médicos?
HG: Sem dúvida! A medicina com a política “casa” muito bem, pois as duas profissões têm esse viés, que é cuidar das pessoas. Quando feitas com seriedade, têm uma capacidade incrível de mudar a vida das pessoas.
OLHO: “Opero bastante, ontem mesmo operei uns 10 pacientes. Na vida foram mais de 51 mil pessoas!”
Trajetória
Hiran Manuel Gonçalves, médico oftalmologista, formado em Medicina pela Universidade Federal do Amazonas, é casado com Gerlane Baccarin, pai de 5 filhos e tem dois netos. Mudou-se para Roraima no ano de 1982, onde desenvolveu a sua carreira.
Nas eleições de 2014, foi eleito deputado federal pelo estado de Roraima, recebendo 9.048 votos. Foi filiado ao Partido da Mobilização Nacional (PMN) e hoje se encontra no Partido Progressista (PP).
Hiran concorreu ao segundo mandato como deputado federal por Roraima, nas eleições 2018, sendo reeleito. Em 2022 foi eleito para o Senado, se tornando um dos três representantes de seu estado na câmara alta do Congresso Nacional.
Camila Abranches