A Associação Médicos da Floresta – AMDAF anuncia a retomada de seus atendimentos oftalmológicos às populações indígenas. As ações locais da entidade estavam suspensas há um ano e meio, em razão da pandemia do novo coronavírus.
Agora, os voluntários da AMDAF voltarão às aldeias, a começar pelo estado da Bahia, a partir de novembro. De lá, seguirão para o Parque Indígena do Xingu (Mato Grosso), onde a ONG realizou suas primeiras expedições, em 2016, para levar diagnóstico, tratamento e acompanhamento oftalmológico à região.
Desde então, sua atuação se estendeu à região de Dourados, no Mato Grosso do Sul, às comunidades Xavantes na região de Campinápolis (MT), e à região da Raposa Serra do Sol, em Roraima. A associação criou ainda o Amazonian Smile Project, que fornece atendimento odontológico aos povos indígenas.
Até aqui, foram 42 mil pessoas triadas pela saúde local. A partir daí, foram atendidas mais de 7 mil pessoas na oftalmologia, com 2.500 óculos doados e mais de 300 cirurgias realizadas. Também foram realizados mais de 2.000 procedimentos odontológicos.
E os números voltarão a crescer com a retomada das ações. “Estamos bastante animados com o retorno às expedições, que naturalmente se dará seguindo todos os protocolos sanitários e com toda a nossa equipe vacinada contra a Covid-19”, afirma Frank Hida, presidente e cofundador da AMDAF.
A entidade é a única no Brasil associada à Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), aliança internacional fundada em 1975 e atuante em mais de 100 países, que trabalha para promover a saúde ocular ao redor do mundo.
E, como parte do programa 2030 in Sight (2030 em Vista) da IAPB, cujo objetivo é eliminar a cegueira evitável em todo o mundo até o fim da década, a AMDAF tem a meta de abranger um total de 300 mil indígenas com suas ações neste período.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, ao menos 2,2 bilhões de pessoas têm uma deficiência visual ou cegueira. Entre elas, estima-se que ao menos 1 bilhão tenham uma condição que poderia ter sido evitada, se tratada, ou que ainda não foi endereçada.
“A grande demanda de saúde hoje, no mundo todo, é a oftalmologia. Até 2050, o número de pessoas com miopia chegará a 5 bilhões, segundo a OMS. E a vantagem dessa especialidade é que o atendimento pode resolver a maioria dos problemas dos pacientes. A gente só precisa chegar até eles”, afirma Hida.
A ONG vem investindo ainda no uso de equipamentos portáteis e com recursos de inteligência artificial para o diagnóstico precoce desses problemas. Para isso, receberá nos próximos meses um grande reforço: acaba de ser selecionada pelo programa Silver Economy Challenge, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que concederá até US$ 1 milhão (R$ 5,5 milhões) em recursos para iniciativas que visem a melhorar a qualidade de vida da população em envelhecimento.
Protocolo
Os atendimentos às comunidades são realizados seguindo um protocolo desenvolvido pela AMDAF, com a parceria da Secretaria Especial da Saúde Indígena. Primeiro, a equipe se reúne com a saúde local (os Distritos Sanitários Especiais Indígenas) para obter informações sobre a distribuição das aldeias na região.
Nesse encontro, os colaboradores locais também recebem capacitação para realizar a triagem de toda a população da região e identificar quem precisa de atendimento oftalmológico e odontológico. Com esse estudo, é possível entender a demanda e, assim, planejar as ações.
A fase seguinte envolve a execução das ações clínicas. Os médicos da associação viajam ao local para que possam realizar um atendimento completo de oftalmologia. “Nele, diagnosticamos qualquer deficiência visual e, a partir daí, seguimos dois caminhos: quem precisa de óculos, os recebe; nos casos em que é preciso tratamento cirúrgico, fazemos um agendamento para realizá-lo”, diz o presidente da ONG.
Por último, eles mobilizam uma ação cirúrgica, para que essas pessoas possam, então, ter sua visão restaurada.
A parceria com o poder público, no entanto, não envolve recursos financeiros – apenas a troca de informações e apoio logístico nos locais de atuação. Para isso, conta com doações de iniciativas e empresas do setor privado, como Fundação L Occitane, Johnson & Johnson, Instituto Phi e Novartis. Em 2021, passou a receber também contribuições de pessoas físicas, diretamente pelo site da ONG.
“Contamos também com os nossos valorosos voluntários – são mais de cem diretos e 400 indiretos. Estes últimos nos ajudam localmente a organizar as ações, permitindo que aproveitemos os recursos e a estrutura da região, principalmente as universidades. E queremos também ampliar essas parcerias”, afirma Frank Hida.
Sobre a AMDAF
A Associação Médicos da Floresta é uma entidade civil sem fins lucrativos que reúne médicos, gestores e criativos para prestar atendimento a comunidades indígenas em todo o território brasileiro. Sua missão é promover a qualidade de vida e inclusão social das comunidades carentes, por meio de ações inovadoras nas áreas da saúde, infraestrutura e educação.
Fonte: Associação Médicos da Floresta