Seguindo o ritmo das comemorações dos 20 anos da Universo Visual, decidimos perguntar para os especialistas em oftalmologia quais foram os destaques em suas áreas de atuação nas últimas duas décadas. Confira abaixo e relembre os fatos marcantes desse período:
Retina
De acordo com Oswaldo Ferreira Moura Brasil, do Instituto Brasileiro de Oftalmologia do Rio de Janeiro, o que mais mudou na conduta e tratamento com relação aos problemas na retina foi o desenvolvimento dos antiangiogênicos. “Antigamente não tínhamos o que fazer para os pacientes com DMRI (degeneração macular relacionada à idade); os pacientes basicamente perdiam a visão. Com o uso dos antiangiogênicos pudemos controlar muito melhor esse tipo de doença e perceber uma revolução nos tratamentos salvando a visão de muitas pessoas”.
Glaucoma
Paulo Augusto de Arruda Mello, Professor Titular de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, muito se modificou desde o diagnóstico do glaucoma até o tratamento. “Hoje temos as tomografias, que se modernizam e melhoraram muito a nossa capacidade diagnóstica”. No entanto, fazer screening e mutirões para diagnósticos precoces do glaucoma ainda é um desafio: “Mas, agora estamos melhores equipados que anos atrás”. Nos tratamentos clínico e cirúrgico também houve avanços: “Chegaram novas drogas, muito mais potentes do que tínhamos no passado. Temos as cirurgias angulares que trazem uma perspectiva muito boa. Mais recentemente, temos o auxílio da Inteligência Artificial e da telemedicina, que traz uma possibilidade imensa na prevenção e na diminuição da cegueira pelo glaucoma”.
Cirurgia de catarata
“A cirurgia de catarata se beneficiou de todo esse avanço tecnológico. Hoje temos aparelhos inteligentes que nos auxiliam na diminuição do tempo de cirurgia e, consequentemente poupam energia e contribuem na redução dos índices de inflamação do olho. Antes demorávamos até 20 minutos, hoje levamos cerca de 5 minutos para finalizar uma cirurgia”, conta Marco Antônio Rey de Faria, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Além disso, segundo Faria, os aparelhos com sensores para controle da pressão e marcadores inteligentes trouxeram ainda mais segurança para médico e paciente.
Cirurgia plástica ocular
Antônio Augusto Velasco e Cruz, Professor Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (FMRP-USP), comenta que na área de oculoplástica ou estética, os grandes avanços ficaram por conta da toxina botulínica e dos preenchimentos. Na cirurgia, o uso de bisturis ultrassônicos, os diagnósticos por imagem por meio de ressonância magnética e algumas técnicas cirúrgicas são os destaques. “Não poderia deixar de falar também sobre a terapia de oncologia a partir do desenvolvimento de drogas, que são os anticorpos monoclonais, ligados à análise genética de certos tumores. Além disso, o tratamento da Doença de Graves também se beneficia desse tipo de tratamento; anteriormente era tratada unicamente com corticoide”.
Refração e lentes de contato
Para Cesar Lipener, chefe do setor de lentes de contato e refração da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo e ex-presidente da SOBLEC (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria), na parte das lentes oftálmicas, houve um grande progresso nos materiais utilizados: “Eles se tornaram mais finos, mais leves, mais estéticos e com diversos tratamento de superfície para melhorar a qualidade e o bem estar dos pacientes”. Além disso, Lipener relembra que as lentes multifocais também passaram por diversas mudanças e foram se tornando cada vez mais personalizadas “melhorando o uso desse tipo de lente para pacientes cada vez mais exigentes e aumentando bastante sua satisfação”. Com relação às lentes de contato, também houve um grande avanço nos desenhos, tanto das lentes gelatinosas e das rígidas. “Há ainda uma popularização relacionada ao tipo de descarte; já existe uma ênfase muito grande fora do Brasil, mas que também vem começando a crescer aqui no Brasil com relação as lentes de descarte diário”.
Fonte: Revista Universo Visual