A manhã do segundo dia do CBO 2023 começou com a Conferência CBO, uma aula magna que acontece a cada dois anos e é ministrada pelo presidente da entidade cujo mandato acabou no ano anterior ao congresso. A aula ficou a cargo de José Beniz Neto que falou sobre “Cirurgia de catarata em pacientes com uveítes”.
O oftalmologista comentou que, normalmente, os pacientes que têm catarata e uveítes são mais jovens e tem uma série de características como pupila pequena, zônula fraca, baixa densidade endotelial e inflamação pós-operatória.
Sobre as técnicas cirúrgicas, Beniz afirmou que a facoemulsificação é a principal delas. “Essa técnica evoluiu muito nas últimas décadas e atingiu o gold standard. A facoemulsificação mudou a questão de não operar pacientes com uveíte”, apontou. Segundo ele, os avanços nessa técnica trouxeram uma série de benefícios, como incisão pequena que permitiu maior controle pré-operatório, menor trauma cirúrgico e menor inflamação pós-operatória.
Durante a aula, Beniz comentou também que, na maioria dos casos, pacientes com catarata têm algum tipo de problema pupilar, como a miose. “Há uma sequência a ser observada. A primeira delas é o uso de adrenalina intracamerular. O uso de viscoelásticos também pode resolver problemas não tão graves. Já casos que merecem mais atenção precisam de dilatadores de pupila”, exemplificou.
De acordo com o professor, o principal ponto quando se fala de cirurgia de catarata em pacientes com uveíte é sobre o uso de lente intraocular (LIO). O implante de LIOs em pacientes com uveítes requer seguimento pós-operatório rigoroso e controle exaustivo da inflamação. “Esse assunto é debatido há décadas e hoje existe um consenso maior de que o implante nas uveítes é bastante aceitável na grande maioria dos casos desde que tenha controle da inflamação e que o implante aconteça dentro do saco capsular”, concluiu.