Tempo de leitura: 2 minutos

Por Paulo Schor, editor clínico

Caros leitores,

Quando passeamos por florestas preservadas como o Parque Yosemite ou as matas das Anavilhanas, nos deparamos com clareiras abertas por árvores caídas, incêndios e destruição. Pelo chão ficam as testemunhas tristes do que antes foi uma selva em pé. Esse olhar míope e instantâneo impacta e nos obriga a estender o foco para enxergar as novas árvores e plantas rasteiras que se alimentam do carbono ancestral para crescer rumo ao sol, que agora se vê. A destruição criativa se espalha ao longo dos bilhões de anos da existência do conhecido. Muitas vezes temos de desaparecer para que o novo, melhorado, brote.

Neste número da Universo Visual, temos vários exemplos do que chamamos de des-implementação, que junto com as demandas de mudança cultural, formam algumas bases da ciência de implementação. O abandono de práticas menos eficazes em favor de abordagens mais inovadoras e eficientes. A des-implementação não é apenas uma forma de eliminar o obsoleto, mas um processo de evolução contínua que permite a adaptação e o progresso. No campo da ciência e da tecnologia, a remoção de métodos ultrapassados pode fomentar um terreno propício para a inovação e o avanço.

Os artigos desta edição exploram diversas facetas da des-implementação e mudança cultural. Desde a substituição de técnicas e novas drogas até a preocupação com as políticas públicas (já baseadas em evidências) que atendem às necessidades da população e precisam ser efetivamente utilizadas, os exemplos são numerosos e variados. Em cada caso, a decisão de abandonar uma prática não é tomada de forma leviana, mas é fruto de um cuidadoso processo de avaliação e planejamento. Um desenho sistemático que deve ser abraçado o quanto antes.

A história nos mostra que a capacidade de reconhecer e aceitar a necessidade de mudança é um dos maiores motores do progresso humano. Entretanto, a des-implementação não ocorre sem desafios, especialmente no que diz respeito à mudança cultural. Muitas vezes, práticas antigas são profundamente enraizadas nas tradições e hábitos das instituições e das pessoas. Superar a resistência ao novo exige não apenas evidências sólidas e planejamento, mas também uma transformação cultural significativa. Essa mudança cultural é essencial para que novas práticas sejam adotadas e implementadas de forma eficaz.

Assim como as florestas se renovam e prosperam após a destruição, nossas instituições, tecnologias e práticas também podem aproveitar essa oportunidade de crescimento e melhoria contínua.

Convidamos nossos leitores a refletirem sobre os desafios e oportunidades de implementar, e a explorarem as histórias e pesquisas apresentadas nesta edição. Que possamos todos aprender a ver a destruição não como um fim, mas como o prelúdio de um novo começo, mais forte e mais adaptado aos desafios do futuro.

Boa leitura!

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