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Pela primeira vez na história, um grupo de cientistas da Universidade de Osaka, no Japão, alcançou um avanço notável na medicina regenerativa ao restaurar a visão de pacientes com deficiência de células-tronco limbares (LSCD) por meio de um transplante de células-tronco pluripotentes induzidas (iPS). A condição, que compromete a camada mais externa da córnea, ocorre quando células-tronco limbares são danificadas por traumas, doenças autoimunes ou fatores genéticos, levando à formação de tecido cicatricial e, em casos graves, à cegueira. A descoberta foi publicada na revista científica The Lancet, trazendo esperanças para milhões de pessoas que enfrentam a perda visual.

Para realizar o tratamento, os pesquisadores reprogramaram células sanguíneas de um doador saudável, convertendo-as em células-tronco iPS, que possuem a capacidade de se diferenciar em diversos tipos de células do corpo. As células foram transformadas em uma camada fina e transparente para serem aplicadas sobre a córnea afetada. O experimento envolveu quatro pacientes, dois homens e duas mulheres entre 39 e 72 anos, com LSCD em ambos os olhos. No procedimento, uma das córneas de cada participante foi tratada, enquanto a camada de tecido cicatricial da córnea danificada foi removida, sendo substituída pela nova camada celular desenvolvida com as iPS.

Após dois anos de acompanhamento, três dos quatro pacientes demonstraram uma melhora significativa na visão e não apresentaram efeitos colaterais graves ou sinais de rejeição do transplante. Este marco representa um grande avanço, pois os tratamentos tradicionais para LSCD, que incluem transplantes de córnea e enxertos de olhos saudáveis, são limitados, invasivos e frequentemente associados a riscos de rejeição imunológica.

Os resultados do estudo sinalizam uma nova era para o tratamento de doenças oculares, especialmente para aqueles que não respondem aos métodos convencionais. Embora o Japão lidere o uso de células iPS para regeneração ocular, outros países, como o Brasil, também têm explorado o uso de células-tronco em oftalmologia. Pesquisas brasileiras, por exemplo, investigam o autotransplante de células-tronco derivadas da medula óssea para tratar a degeneração macular relacionada à idade, uma das principais causas de perda visual em idosos.

A inovação trazida pelo uso de células-tronco no tratamento da LSCD ainda requer estudos adicionais para garantir sua segurança e eficácia a longo prazo. No entanto, o sucesso inicial desses ensaios clínicos aponta para um futuro promissor na medicina oftalmológica, onde a regeneração celular pode oferecer uma solução definitiva para muitas condições que, até então, levavam inevitavelmente à perda da visão. A expectativa é que, com o avanço das pesquisas, essa abordagem inovadora se torne uma prática comum em clínicas e hospitais ao redor do mundo, mudando de forma significativa o panorama dos tratamentos visuais

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