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Por Marcelo Gobbo Jr. – Residente de Medicina da Família e Comunidade pela Fundação Pio XII – Hospital do Câncer de Barretos;  Membro da American Academy of Family Physicians e da World Organization of Family Doctors
 
A queixa mais frequente na atenção primária quanto a acometimentos oftalmológicos é o “olho vermelho , que é um capítulo à parte em oftalmologia, e a etiologia mais prevalente para essa síndrome é aquilo que chamamos de conjuntivite. Você sabe definir e fazer o diagnóstico diferencial? Confira no artigo a seguir:
Tipos de conjuntivite
Conjuntivite é definida como toda atividade inflamatória da conjuntiva, uma fina membrana translúcida que envolve a esclera. Qualquer inflamação dos tecidos mais superficiais dos olhos é capaz de causar o diagnóstico de “olho vermelho”, mas os acometimentos mais comuns são as conjuntivites. Podemos categorizar as conjuntivites quanto ao tempo de evolução (hiperagudo, agudo ou crônico) ou à causa (conjuntivite infecciosa e não infecciosa).
A conjuntivite aguda ou hiperaguda geralmente possui como causa uma conjuntivite bacteriana ou conjuntivite viral. Já a conjuntivite crônica pode ter como causa uma conjuntivite alérgica, uso de lentes de contato, uso prolongado de algumas medicações, blefarites, olho seco, entre outras causas. O fluxograma a seguir ilustra de forma resumida como fazer o raciocínio clínico acerca da conjuntivite.
Ao longo da anamnese alguns dados da história precisam ser explorados e categorizados para permitir o diagnóstico mais preciso. Investigar ao longo da entrevista clínica o tempo de evolução, se o acometimento é unilateral ou bilateral, se há correlação com exposição a eventos e agentes específicos se há correlação com contexto laboral do paciente e se esse é um evento recorrente. Sintomas como hiperemia conjuntival, lacrimejamento, e sensação de corpo estranho ajudam a definir clinicamente a conjuntivite, porém são inespecíficos para se determinar a causa.
A caracterização de cada sintoma mais específico você encontra a seguir:
Prurido
O prurido é o sintoma guia que marca a conjuntivite alérgica, bem como outras afecções alérgicas dos olhos. A intensidade desse sintoma pode variar, e isso é o que nos ajuda a caracterizar as causas. Analisar se no histórico médico há passado de rinite alérgica, atopia, ou outras doenças alérgicas é fundamental. Conjuntivites infecciosas cursam com prurido, porém tendem a ter o sintoma de forma mais leve.
Secreção
A presença e o tipo de secreção ocular é capaz de auxiliar muito não só no tipo, mas inclusive no agente causador, da conjuntivite. A secreção pode ser serosa, mucosa, mucopurulenta e purulenta. Secreção serosa é a marca de doenças alérgicas e da conjuntivite viral. Quando a secreção é mucosa podemos pensar em doenças alérgicas mais severas e olho seco. Já a secreção mucopurulenta e purulenta é característica da conjuntivite por clamídia e da conjuntivite bacteriana.
Esse sinal geralmente é acompanhado por obstrução ocular matinal por formação de crostas e dificuldade de abrir as pálpebras em casos de conjuntivite bacteriana. Uma secreção purulenta abundante também pode indicar conjuntivite gonocócica.
Acometimento unilateral ou bilateral
A presença de sintomas em um ou ambos os olhos pode ser de grande auxílio na determinação da origem da condição. Doenças alérgicas frequentemente são disparadas por estímulos ambientais e por isso costumam acometer ambos os olhos. Doenças infecciosas da conjuntiva normalmente são iniciadas por contato entre a mão e os olhos. Por isso normalmente são unilaterais, mas podem acometer ambos os olhos, por isso verificar como foi a evolução (se ambos os olhos foram acometidos ao mesmo tempo, ou se iniciou com um olho e depois o outo foi acometido) é um bom meio de auxiliar a separar as etiologias.
Dor, fotofobia e turvação visual
Estes são sinais de alarme importante. Normalmente, conjuntivites primárias não cursam com esses sintomas que podem acompanhar o olho vermelho. O médico da atenção primária deve estar atento aos sinais pois indicam a hora de acionar o especialista focal na condução do caso. São esses sintomas que podem indicar glaucoma agudo, uveíte, ceratite e celulite orbital. O diagnóstico diferencial demanda tecnologias de nível secundário, então se algum paciente apresentar os sintomas deve ser encaminhado ao oftalmologista para investigação.

Fonte: PEBMED

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