Terminou no dia 07/09 a Phaco Olympics, competição realizada no simulador de cirurgia de catarata Eyesi e promovida pela Latinofarma em seu estande durante a 62ª edição do Congresso Brasileiro de Oftalmologia. Participaram da disputa 164 equipes, compostas cada qual por três médicos que estivessem cursando residência, totalizando 492 médicos.
A competição consistia na realização de dois procedimentos cirúrgicos no simulador Eyesi, no DryLab da Latinofarma, uma parceria com o IPEPO – Instituto de Visão, que tem como objetivo promover o aperfeiçoamento das cirurgias oftalmológicas e educação médica. Cada procedimento valia 100 pontos. O simulador avaliou o resultado das cirurgias com base em três parâmetros: completar a tarefa, completar bem e completar no menor tempo.
A equipe vencedora R2D2 comemora a vitória, após somar 1984 pontos na competição.
Por 35 pontos de diferença, a equipe R2D2 formada por Paulo Ortiz Netto (CRM SP-178307), Filippe de Biaggi Borges da Silva (CRM SP-184817) e Rodolfo Bonati (CRM SP-182897) de São Paulo foi a grande campeã! O segundo lugar foi conquistado pela equipe intitulada com o nome Phaco Maceió composta pelos médicos Gustavo Anacleto Lourenço Coêlho (CRM AL-6855), Thaisa de Barros Costa Loureiro (CRM AL-6641) e Andréia Karla Anacleto de Souza (CRM AL-7254). O terceiro lugar, com a Equipe BFM, representada pelos doutores João Antônio de Paula Filho (CRM SP-166946), Marina Rodrigues de Sunti (CRM SP-177052) e Felipe Bueno Spicacci (GO-18161) do interior de São Paulo e Goiânia.
O 2º lugar recebe o prêmio das mãos de Mario Jorge Santos, um dos presidentes do CBO 2018.
Os finalistas ganharam troféu e medalha, e o participantes do primeiro lugar também ganharam um pacote para o CBO 2019. Os prêmios foram entregues pelo Presidente do Congresso, Mário Jorge Santos, pela representante do IPEPO, Ana Luisa Höfling-Lima e pelo representante da VR Magic, Marshall Dial.
De acordo com Paulo Araújo, diretor comercial da divisão Latinofarma dentro do Grupo Cristália, a Phaco Olympics foi pensada para promover a educação na cirurgia de catarata no âmbito do congresso. “Há dois anos, em parceria com o IPEPO – Instituto da Visão, trouxemos o simulador de cirurgia. A ideia da parceria é oferecer para os residentes do Brasil um mecanismo para acelerar a curva de aprendizagem antes de eles irem operar um olho humano. Estudos mostram que existe uma curva muito interessante entre os primeiros olhos que são operados pelos residentes até quando eles são considerados residentes com destreza após os primeiros 300 olhos que operam. No fim das contas, a gente está evitando complicações cirúrgicas nas primeiras cirurgias dos residentes, nos primeiros 80 olhos”, explica Araújo.
Já Ana Luisa Höfling-Lima, Professora Titular de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (EPM), conta que residentes do terceiro ano de oftalmologia de várias universidades foram estimulados a fazer um treinamento prévio no simulador para poderem participar da competição. A adesão dos residentes à Phaco Olympics, segundo ela, foi maior do que a esperada. “A importância dessa atividade para os residentes é que eles tenham a chance de fazer um treinamento cirúrgico numa situação que não envolva o resultado visual de um indivíduo. Na hora que eles têm condição de simular sua destreza nas situações de estresse que a competição traz, ele simula a condição de uma realidade cirúrgica. Se ele errar na cirurgia, não pode voltar. Então, treinar antes de estar exposto à cirurgia é fundamental”, declara a oftalmologista.
Ana Luisa Hölfling-Lima premia o 3º lugar. E todos os residentes vencedores reunidos após a competição.
Os dois simuladores trazidos ao Brasil pela Latinofarma e Instituto da Visão, que oferecem os módulos retina e catarata, ficam no hotel de trânsito do Grupo Cristália, em São Paulo. O local é utilizado para treinamento de residentes de oftalmologia de todo o país, e conta com acomodação para recebê-los durante os dias de formação. Nesses dois anos de Eyesi no país foram realizados mais de 800 treinamentos, oferecidos a estudantes de mais de 50 instituições. “O ideal é que uma pessoa, antes de começar a operar o olho humano, treine entre 16 e 20 horas no simulador. Como temos poucos simuladores para o Brasil inteiro, não conseguimos ofertar as 20 horas para todos os residentes, mas chegamos o mais perto disso”, diz o diretor comercial da Latinofarma.
Simulador: evolução técnica e ética na cirurgia
Desenvolvido pela empresa alemã VR Magic e distribuído no Brasil pela CIVIAM, o Eyesi já conta com cerca de 350 unidades espalhadas pelo mundo; 120 delas apenas nos Estados Unidos. O equipamento representa uma evolução tanto técnica quanto ética na prática cirúrgica dos oftalmologistas. Em primeiro lugar porque o simulador permite que o residente treine e repita procedimentos com os quais tem mais dificuldades, até se tornar proficiente antes de ir para o olho humano. O simulador registra a pontuação do residente nos procedimentos, e a partir dela é possível acompanhar a evolução na execução das cirurgias. O simulador permite, ainda, que o residente opere em cenários de complicação, o que ele nem sempre tem oportunidade de fazer nos anos de residência em função da pouca ocorrência de determinadas complicações. Em segundo lugar, e mais importante: a prática no simulador, comprovadamente, acelera a curva de aprendizagem do oftalmologista e reduz riscos de complicações nos primeiros olhos humanos operados por ele antes que tenha operado os 300 olhos que o tornam proficiente. “O que ninguém vê, até porque a sala de cirurgia está fechada, é o que acontece no meio do caminho até o paciente sair operado. Às vezes foi uma cirurgia que durou 35 minutos, quando podia ter durado 10. Teve um risco maior de infeccção e vai ter mais edema por tudo o que aconteceu no transcorrer do procedimento”, reflete Araújo. A cirurgia pode até ter um desfecho satisfatório, ele diz, mas os riscos de complicação foram aumentados por um desempenho do cirurgião que não foi tão bom quanto poderia pela falta de prática.
Marshall Dial, vice-presidente de vendas e marketing da VR Magic para as Américas e Austrália, conta que no atual cenário da oftalmologia, quando o residente vai fazer uma cirurgia, o orientador dele, médico responsável pelo procedimento, nem sempre sabe se o residente tem um nível de proficiência bom ou ruim e em quais etapas da cirurgia. “Com a base de simulação, você consegue saber se aquele residente tem capacidade de ir para a mesa de cirurgia, de cumprir ou não uma etapa, ou se ele tem que fazer mais simulação antes de entrar no centro cirúrgico. Isso dá mais tranquilidade para o orientador e grande responsável pela cirurgia”, afirma Dial. No fim das contas, o principal beneficiado pelo simulador é o próprio paciente, que terá um oftalmologista melhor preparado operando seus olhos.
Dial explica que não é necessariamente o tempo de simulação que vai determinar se o residente está apto ou não para a cirurgia no olho humano, mas sim se ele atingir com eficácia marcos de proficiência específicos em cada uma das etapas da cirurgia presentes no simulador. “O uso do critério de marcos ao invés de tempo tem sido fundamental para definir uma homogeneidade no aprendizado”.
Evolução do simulador
De acordo com Dial, como o simulador é baseado em software, e o software está sempre evoluindo, o atual estágio do equipamento na oftalmologia aponta para a gestão de complicações cirúrgicas. “O que a VR Magic tenta fazer com os simuladores é ensinar, desde o início, conceitos básicos da cirurgia, em consonância com o que o residente está aprendendo no curso. Assim, quando ele chegar no final, já com experiência em cirurgia, poderá lidar com situações de complicações que vai enfrentar no dia a dia do consultório. Por exemplo, o caso de simulação de um rompimento da cápsula, em que entra humor vítreo na cápsula, é um caso que pode acontecer de 4% a 5% das cirurgias. Mas dentro do simulador ele consegue lidar com isso, mesmo não sendo uma situação muito corriqueira, e quando estiver operando sozinho ele já vai ter vivenciado isso pelo menos de uma forma mais prática”.
O executivo informa que, para 2019, a VR Magic está planejando o lançamento de um equipamento para realizar terapias com laser, exames de córnea, retina e outros procedimentos na superfície ocular.
Fonte: Universo Visual