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A Associação Paulista de Medicina realizou, no último mês de fevereiro, uma pesquisa com 2.258 médicos brasileiros com o objetivo de avaliar a receptividade desses profissionais com relação às tecnologias digitais na área da Saúde
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http://associacaopaulistamedicina.org.br/assets/uploads/textos/Pesquisa-APM-2020.pdf
Desde o ano passado, quando ocorreu a revogação da nova regulamentação da Telemedicina pelo CFM – Conselho Federal de Medicina, o tema em torno da utilização de ferramentas digitais que aproximam médico e paciente ganhou destaque e movimentações entre diversos grupos e entidades.
Com esse desafio, o Global Summit Telemedicine & Digital Health 2020 trará experiências internacionais do uso da Telemedicina e da Saúde Digital, práticas exitosas no Brasil e o uso humanizado das tecnologias. “Queremos, também, desmistificar o receio de que as transformações digitais sejam prejudiciais ao relacionamento médico-paciente. Pelo contrário, elas aproximam mais os médicos dos pacientes”, ressalta o presidente do Conselho Curador do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Jefferson Gomes Fernandes.
No esforço de elevar a discussão e ajudar na construção de uma Saúde Digital e Telemedicina baseadas nos mais elevados padrões éticos e legais, a Associação Paulista de Medicina, idealizadora do Global Summit, realizou uma pesquisa com o propósito de entender a percepção da classe médica com relação às questões em torno da temática, medindo o nível de receptividade sobre as novas tecnologias e a expectativa sobre a normatização do CFM.
 
Pesquisa 
Intitulada “Conectividade e Saúde Digital na vida do médico brasileiro”, a pesquisa contou com a participação de 2.258 médicos brasileiros, dos quais 60,54% do sexo masculino e 39,46% do sexo feminino. As perguntas foram realizadas de forma on-line e restritas aos médicos com CRM ativo das 55 especialidades médicas.
Para 89,81% dos pesquisados, o sistema público de saúde brasileiro pode ser beneficiado com novas ferramentas tecnológicas digitais capazes de diminuir as filas de espera por um atendimento especializado.
 
Ferramentas de Comunicação
Em 2018, uma pesquisa similar, também realizada pela APM com o mesmo objetivo, revelou que 85% dos médicos aprovavam o uso de ferramentas de mensagens instantâneas e outros 57,90% eram favoráveis à realização de consultas a distância. 
Este ano, os dados mostraram uma evolução no cenário, endossando muito mais do que uma aprovação na comunicação em tempo real, e sim uma interação com os pacientes. Sessenta e cinco porcento dos médicos já utilizam o WhatsApp ou outros aplicativos de mensagens por celular para falar com pacientes e familiares, fora do atendimento na clínica ou hospital. Apenas 11,51% dos especialistas ainda não interagem de nenhuma forma por meio dessas tecnologias com seus pacientes após a consulta.
Quando somados todos os percentuais relativos às formas de diálogo entre médico e paciente via aplicativos de mensagem, e-mail ou chamadas de voz por telefone fixo ou celular, 88,49% dos médicos acompanham seus pacientes além do atendimento presencial.
Para 58,50% dos pesquisados, o uso de ferramentas de comunicação com pacientes é diário, enquanto 24,84% utilizam algumas vezes na semana. 
Por outro lado, as horas dispensadas pelos médicos no contato extra consulta (independente da forma de contato) ainda deixam 99% dos profissionais sem saber como cobrar essas horas ou com o entendimento de que o custo já está embutido na consulta presencial.
 
Telemedicina
A Telerradiologia, com 76,75%, é a forma de Telemedicina mais conhecida entre a classe médica, seguida pela Telecardiologia (45,53%), segunda mais lembrada. Além dessas duas, os médicos citaram outras 20 áreas de atuação conhecidas da Telemedicina.
Entre todos os tipos citados pela classe médica, 30,69% afirmaram que já utilizam alguma forma de Telemedicina no seu cotidiano, contra 68,33% que afirmam não praticarem nenhum formato.
Questionados sobre a utilização das tecnologias da Telemedicina, que permitam a segurança dos dados e a privacidade entre médico e paciente, 70% dizem acreditar que é possível ampliar o atendimento médico além do consultório. Outros 21% afirmaram que talvez seja possível, e apenas 9% não acreditam na Telemedicina.
O medo de a Medicina ser banalizada por meio da Telemedicina aparece em 31,31% dos respondentes e outros 20,42% acreditam que o atendimento médico deva ser exclusivamente de forma presencial.
44,15% dos médicos entendem que a tecnologia digital faz parte de várias áreas da nossa vida e que a tendência é estarmos cada vez mais conectados, enxergando a Telemedicina como uma oportunidade às suas carreiras.
24,71% concordam que, a longo prazo, a Telemedicina pode ser uma oportunidade na carreira médica e 15,99% não têm opinião formada sobre o assunto. 8,28% dos entrevistados acreditam que a Telemedicina é uma ameaça para a profissão de forma imediata ou que, em um curto prazo de tempo, ela se transformará em ameaça (6,86%).
90,21% dos médicos acreditam que as novas tecnologias digitais, que possuam alto padrão de segurança e ética, podem ajudar a melhorar a saúde da população. 
“Fazer Telemedicina não é uma obrigação, é um desejo, seja do médico que queira usar essa tecnologia ou do paciente, que gostaria de ser atendido dessa forma, então, não é uma obrigatoriedade”, lembra Fernandes.
Regulamentação CFM
A falta de regulamentação é, para 43,76% dos entrevistados, a grande barreira na utilização de ferramentas de comunicação on-line para assistir ao paciente. Outros 32,11% entendem que não existem barreiras e dizem que utilizariam as ferramentas. 
28,81% dos médicos não estão acompanhando a discussão com relação à revogação da resolução CFM nº 2.227/2018; 22,5% não têm opinião formada sobre a questão; 15,7% não conhecem o teor da resolução; e 10,27% não concordam com a decisão da revogação. Apenas 10,45% dos entrevistados acompanham o tema e outros 18,64% concordam com a decisão do órgão regulador.
64,39% dos médicos querem uma regulamentação que permita a ampliação de serviços e atendimentos à população brasileira, incluindo a teleconsulta (médico direto com o paciente).
63,06% utilizariam a Telemedicina como uma ferramenta complementar ao atendimento da clínica/hospital, a partir do momento em que houver uma regulamentação oficial do CFM e com os recursos tecnológicos necessários para segurança e ética da Medicina. 25,16% talvez utilizariam, sem se opor, e apenas 11,78% não utilizariam.
“Entendemos que uma Medicina on-line, ética e de ponta só pode ser realizada se tivermos tecnologia e regras capazes de garantir a segurança entre médico e paciente”, ressalta o diretor de Tecnologia da Informação da APM e presidente da Comissão Organizadora do Global Summit Telemedicine & Digital Health, Antonio Carlos Endrigo.
 
Armazenamento de dados
60,98% dos médicos utilizam tecnologia em seus consultórios e/ou hospitais para o armazenamento de informações do paciente e 39,02% afirmam não usar nenhum tipo de tecnologia.
A ferramenta tecnológica mais utilizada no cotidiano das clínicas e hospitais ainda é o prontuário eletrônico, com 48,10%; softwares de gestão de consultórios para agendamento de consultas vêm em seguida, com 18,4%; e armazenamento de dados em HD ou nuvem soma 17,5%.
 
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Fonte: Associação Paulista de Medicina

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