O controle da miopia em crianças é um dos desafios da oftalmologia contemporânea, tendo em vista a situação epidêmica em todo o mundo. Agora, um estudo clínico randomizado que acaba de ser publicado no Journal of the American Medical Association vem corroborar com uma nova opção de tratamento, já utilizada na Ásia e na Europa: lentes de contato gelatinosas multifocais.
De acordo com a pesquisa, o tratamento com lentes de contato multifocais de alta potência, em comparação com lentes de contato multifocais e de visão única, reduziu a taxa de progressão da miopia em três anos. Duzentos e noventa e quatro crianças de escolas de Ohio e Texas foram acompanhadas na investigação.
“Trata-se de um trabalho comparativo entre lentes de visão simples (corrigem com foco único), com lentes multifocais (corrigem com mais de um foco), cujo princípio seria eliminar o defocus periférico, influenciando no crescimento do globo ocular e controle da miopia. Essas lentes gelatinosas já existem e são utilizadas na Europa e há mais tempo na Ásia”, esclarece Elisabeth Brandão Guimarães, Chefe do Setor de Lentes de Contato da Santa Casa de São Paulo e membro da Comissão Científica do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
De acordo com a especialista, essas lentes, aprovadas pelo Food and Drug Administration (FDA) há um ano, devem chegar ao Brasil no início de 2021, trazidas por um grande fabricante. Segundo Brandão, outra empresa também desenvolve pesquisas semelhantes com desenho multifocal.
“No controle da criança míope no Brasil, o tratamento é multifatorial com controle ambiental (estimular a exposição à luz solar, que desencadeia reações químicas que atuam na harmonia do crescimento ocular), a atropina, um agente antagonista muscarínico que auxilia o controle da doença, e também age diminuindo o crescimento do globo ocular, e correção óptica com óculos. Isso é o que está consagrado. Os países asiáticos usam também ortoceratologia (lentes rígidas, que moldam a córnea), e fazem o mesmo papel que as gelatinosas, mas ainda não são aprovadas em crianças no Brasil pela Anvisa”, explica a médica.
Fonte: Folha Vitória