O edema – ou inchaço – da córnea é uma das razões mais comuns pelas quais as pessoas precisam de um transplante de córnea. Isso acontece quando as células endoteliais diminuem e fazem com que a córnea incha e perca a clareza. Nesses casos, a opção para restaurar a visão acontece por meio da cirurgia de transplante de córnea.
Para dar uma alternativa de tratamento, pesquisadores da Universidade de Miami investigam uma nova maneira de substituir as células ausentes por uma injeção de células de doadores. “Até onde sabemos, somos o primeiro grupo a mostrar que a injeção de células endoteliais sem intervenção cirúrgica pode melhorar a visão em indivíduos com distrofia endotelial corneana de Fuchs”, disse Ellen Koo, pesquisadora principal e professora associada do Bascom Palmer Eye Institute, Universidade de Miami, em comunicado.
Como funciona
Depois de carregar as células doadoras com nanopartículas superparamagnéticas, elas são injetadas na frente do olho. Um tapa-olho magnético é então colocado na frente do olho e o paciente se deita de bruços. O ímã atrai as células para o local correto, onde elas permanecem e se integram. Os primeiros 21 pacientes tratados dessa forma apresentaram melhora da visão. O estudo foi apresentado durante a AAO 2023, a 127ª reunião anual da Academia Americana de Oftalmologia.
Todos os pacientes apresentaram edema corneano devido à distrofia corneana endotelial de Fuchs. Alguns foram submetidos à remoção do endotélio (descemetorhexis) antes que as células fossem injetadas intracameralmente, e outros não. Eles foram tratados em seis centros nos Estados Unidos. Quatro doses (50.000, 150.000, 500.000, um milhão de células) foram testadas. Segundo os cientistas, o desfecho primário foi seguro. No seguimento de seis meses, não houve eventos adversos relacionados ao produto. A pressão no interior do olho manteve-se estável e não foi observada inflamação. Houve uma melhora contínua da visão dose-dependente até seis meses após a injeção, sem que os pacientes necessitassem de cirurgia.
Segundo Ellen, espera-se que uma abordagem de substituição celular expanda o acesso ao tratamento, salvando a visão de pessoas em todo o mundo. “Com este tratamento de terapia celular, centenas de pacientes podem ser tratados com uma córnea doadora”, disse. “A maior acessibilidade, bem como o fato de o paciente não precisar passar por uma cirurgia, significa que mais pessoas em estágios mais precoces da doença podem receber tratamento para edema de córnea.”
Os pesquisadores ressaltam, porém, que receber esse tipo de tratamento não impediria que os pacientes fizessem futuras cirurgias de transplante de córnea, se necessário, potencialmente permitindo que os pacientes fossem tratados em um estágio mais precoce da doença. “Existe uma nova fronteira no tratamento da disfunção endotelial corneana e essa tecnologia certamente mudará o paradigma terapêutico”, concluiu Ellen.
Fonte: Ophthalmology Breaking News