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Os depósitos observados na superfície da lente durante o ato cirúrgico podem estar relacionados à precipitação de soluções viscoelásticas, precipitação de proteínas ou resíduos de revestimento do cartucho utilizado para a injeção da LIO.
Pós-operatório imediato
Nos casos que ocorrem no pós-operatório imediato, há relatos na literatura de lentes de silicone que ficaram totalmente opacificadas após algumas horas da cirurgia. Nesses casos, deve-se suspeitar de contaminação na superfície da LIO, com mudança nas propriedades do material favorecendo o influxo de água, uma vez que o pacote dessas lentes é permeável a gases, como, por exemplo, em casos onde soluções de limpeza foram vaporizadas na área de estoque das lentes.
Além disso, há a possibilidade de interação entre corantes capsulares com LIOs acrílicas hidrofílicas, com coloração permanente dessas, especialmente as fabricadas de materiais com alto conteúdo aquoso. Pomada oftálmica utilizada após a cirurgia pode ganhar acesso intraocular e revestir a LIO. Assim, deve-se ter cuidado com a associação entre incisões do tipo córnea clara, sem suturas, pomada oftálmica e curativo apertado.
Pós-operatório tardio
Os casos de opacificação de lentes intraoculares no período pós-operatório tardio são amplamente descritos na literatura. A LIO de silicone pode adquirir uma coloração verde, marrom e rosa, após uso sistêmico de fluoresceína sódica a 2%, amiodarona e rifabutina, respectivamente. Além disso, a lente intraocular de silicone não deve ser utilizada em pacientes com alta possibilidade de realizar cirurgia vitreorretiniana com óleo de silicone, já que ocorre um revestimento irreversível da LIO pelo óleo.
Já em relação às lentes acrílicas hidrofílicas, diversos estudos demonstraram estar relacionadas ao problema de calcificação distrófica. Essa complicação parece ser de origem multifatorial, com a participação de fatores ligados à fabricação das lentes, à sua embalagem e também fatores ligados ao paciente.
Por fim, as LIOs em PMMA também podem apresentar opacificação, até dez anos ou mais após seu implante, em uma condição denominada degeneração em flocos de neve (snowflakes). Esta é uma degeneração do material da LIO de progressão lenta, devido à exposição prolongada aos raios ultravioletas.
 
Referências Bibliográficas:
Arieta CEL, Alves MR (coord). Conselho Brasileiro de Oftalmologia Série Oftalmologia Brasileira CRISTALINO E CATARATA, 4ª edição. Rio de janeiro: Cultura Médica, 2018.
Kanski JJ. Oftalmologia clínica: uma abordagem sistêmica, 7ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Fonte: PebMed

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