Os danos do coronavírus vão muito além dos pulmões. Atingem toda nossa saúde, inclusive dos olhos. Para reduzir parte deste estrago que está levando a população à morte e em alguns casos à perda da visão. Decreto permite aos hospitais de Campinas retomar a partir desta 2ª-feira (22.junho), cirurgias cardíacas, oncológicas ou de urgência. Segundo o oftalmologista do Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, a liberação prevê justificativa da urgência no prontuário médico, visando continuar dando apoio às vítimas de covid-19 na cidade.
Crescimento
O oftalmologista afirma que de todas as doenças oculares, a catarata é a que mais cresce no país. Isso porque, embora seja multifatorial, tem como maior causa o envelhecimento que opacifica nosso cristalino, lente interna do olho. No Brasil, o envelhecimento acelerado da população faz com que responda por 49% dos casos de perda da visão, bem acima da média global de 35%, apontada por levantamento da OMS (Organização Mundial da Saúde). O pior, afirma é que a interrupção das cirurgias desde final de março para combater a pandemia fez com que pelo menos 30% das cirurgias previstas para 2020 fossem adiadas. Os principais sinais de catarata elencados pelo médico são: troca frequente dos óculos, perda da visão de contraste, ofuscamento no trânsito e em locais ensolarados, necessidade de mais luz para ler
Urgências
Queiroz Neto afirma que em alguns casos operar a catarata configura uma urgência. “Isso acontece quando o paciente tem alta miopia que pode levar a alterações no fundo do olho e predispor ao descolamento da retina. Outro grupo é formado por pessoas que desenvolvem a catarata associada ao glaucoma secundário causado por diabetes, hipertensão, uso prolongado de colírios com corticoide ou um trauma que eleva a pressão intraocular sem dar sinais. Por isso, nestas condições clínicas quanto antes for realizada a cirurgia, maior a chance de preservar a visão”, salientou.
Outros riscos
O oftalmologista destaca que a saúde ocular tem reflexos em todo nosso organismo. Prorrogar a cirurgia torna o procedimento mais perigoso porque o cristalino fica muito rígido e dificulta a extração. Por outro lado, comenta, o amarelamento da lente natural do olho pela catarata, desregula nosso relógio biológico. Isso porque, diminui a produção do hormônio indutor do sono, a melatonina. E a produção pelas células ganglionares da retina de melanopsina, um pigmento que regula nosso “relógio biológico”. Resultado: “Perdemos o sono e ganhamos outros problemas de saúde: doenças cardiovasculares. Hipertensão, diabetes, sobrepeso, colesterol alto e depressão”, comentou.
Na mulher a insônia é ainda mais frequente do que no homem. Isso porque, o cristalino tem receptores dos estrogênios e a redução destes hormônios na menopausa diminui a produção da melanopsina pelas células da retina , afirma. Por isso, a dificuldade para realizar tarefas cotidianas indicar quando a operação deve ser agendada
Segurança
Queiroz Neto ressalta que por ser especializado em Oftalmologia o ambiente do hospital é mais seguro que o de instituições abertas ao atendimento de pacientes com sintomas de covid-19. Ainda assim segue as regras preconizadas pela OMS:
· Agendamento de exames em intervalos que evitam aglomeração na sala de espera
· Colocação de álcool gel em vários pontos do hospital
· Atendimento com equipe reduzida
· Desinfecção dos equipamentos a cada exame
· Uso de máscara e protetor facial durante o atendimento
· Esterilização completa da sala cirúrgica para realizar procedimentos que não podem ser adiados.
· Equipe cirúrgica paramentada com touca, óculos de proteção máscara cirúrgica, avental, luva e sapatilha
· Tomada de temperatura do paciente antes de entrar para a cirurgia
· Entrega ao paciente de todos os equipamentos de proteção individual antes da cirurgia
Fonte: MS Notícias