Antes de o piloto assumir o manche de uma aeronave, passa horas e horas em simuladores de voo. E não é para menos. Em suas mãos estão centenas de pessoas que viajam ao redor do mundo. Um médico não leva centenas de pessoas ao mesmo tempo de um canto a outro do planeta, mas tem em suas mãos uma preciosidade, a saúde de seus pacientes. E assim como os pilotos, precisam ser bem treinados.
Pensando em oferecer aos residentes a habilidade necessária para a realização de cirurgias, a Latinofarma criou o Phaco Olympics, inspirado no nome da cirurgia de catarata, facoemulsificação. “Em 2016, a empresa decidiu que atuaria na educação dos residentes para o desenvolvimento da cirurgia no Brasil. Fizemos então uma parceria com o Ipepo – Instituto da Visão”, comenta Paulo Araújo, diretor da unidade de negócios de oftalmologia da Latinofarma.
Para dar início ao projeto, a empresa comprou o primeiro simulador cirúrgico, que custa mais de 1 milhão de reais, e montou um centro de simulação que fica disponível gratuitamente para residentes de todo o país. Seis anos depois, o centro conta com cinco simuladores, sendo que dois deles também atuam no módulo de retina. “Os alunos passam pela simulação, treinam por um determinado número de horas, e fazem testes. Conforme atingem a proficiência, começam a igualar performance, atingindo um nível em que a margem de erro começa a diminuir”, explicou Araújo.
Em 2017, o programa ganhou um novo impulso quando Peter Gelbach, americano especialista em cirurgia robótica, veio ao Brasil. Ele considerou a ação muito relevante, mas apontou que faltava agregar um componente de adrenalina para simular a vida real, criando um ambiente de estresse que tirasse os residentes da zona de conforto. Daí surgiu a ideia de criar o Phaco Olympics, que aconteceu pela primeira vez no Congresso Brasileiro de Oftalmologia de 2018. Para estimular a participação na competição, representantes da Latinofarma visitam os serviços de residência em todo o país convidando os residentes R1, R2 e R3 a fazer parte da ação.
O Phaco Olympics envolve uma série de etapas. Para participar, os residentes se inscrevem em grupos de três. Cada time executa os procedimentos e o sistema dá, automaticamente, uma nota, baseada em cumprir o que precisa com o mínimo de movimentos, em menor tempo e sem tremor. Os residentes pontuam individualmente e depois são somadas as pontuações dos três membros da equipe. Depois disso, são selecionados os três grupos de finalistas que repetirão as tarefas já realizadas anteriormente, e também capsulorrexe, aspiração do córtex, além de dividir e cortar o cristalino em quatro, emulsificá-lo com ultrassom e aspirá-lo. Somadas as pontuações, o grupo que obteve o maior número consagra-se vencedor. Como prêmio, o primeiro lugar recebe um kit cirúrgico com olho esquemático, e o segundo e terceiro lugares ganham um olho esquemático mais simples. Além disso, os residentes ganham medalhas e os grupos recebem um troféu.
Tudo isso acontece no stand da Latinofarma durante o Congresso Brasileiro de Oftalmologia. O fator estressante, recomendado por Gelbach, fica por conta do espaço em que acontece a simulação. Os equipamentos ficam no stand, com os monitores virados para a arquibancada montada no local e para quem passa pelos corredores. Além disso, os residentes ficam expostos aos ruídos externos.
“É uma experiência única que acontece ao longo dos dias do evento e às 12h de sexta-feira encerram-se as simulações e partimos para a apuração. Às 14h30 os finalistas participam da simulação que definirá os vencedores”, explica Araújo. “Esta ação é muito interessante porque conseguimos fazer um jogo que promove o engajamento de forma lúdica, e ao mesmo tempo contribui para melhorar o aprendizado e a capacitação dos residentes como cirurgiões. E quem vai se beneficiar são os primeiros pacientes que esses eles vão operar quando forem para a prática clínica”, ressalta o executivo.
Segundo ele, a visão sobre a importância do desenvolvimento da prática médica vem de um dos fundadores do Grupo Cristália, Ogari Pacheco, que é médico de formação. “O Pacheco é um entusiasta para investirmos na educação médica de forma mais profunda e abrangente”, diz.
III Phaco Olympics
Na terceira edição do Phaco Olympics, que aconteceu durante o 66º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, a Latinofarma transformou seu stand em um campo de competição entre os mais de 500 residentes inscritos. As três equipes com as melhores pontuações participaram da etapa final. E A disputa foi acirrada.
A campeã, com 833 pontos, foi a equipe Diretoria, composta pelos residentes Pedro de Marco, Luis Felipe Bortolan e Renato Busch, do Instituto Suel Abujamra. “É a primeira vez que competimos e o Instituto Suel Abujamra também venceu em 2019. É muito importante este tipo de ação porque nos incentiva na carreira que escolhemos. Além daqui, já fizemos simulações nos equipamentos do projeto da Latinofarma”, relatou de Marco.
Em segundo lugar, com 832 pontos, ficou a Lunera – Olho Seco já Era, dos residentes Aniz Kassis Neto, Luiz Guilherme Matheus e Victor de Oliveira, também do Instituto Suel Abujamra. Já o terceiro lugar foi para a equipe Faqueiros, de Hanny Chen, Lucas Kenji e Camilla Guimarães, da Santa Casa de São Paulo. Os prêmios foram entregues por Cristiano Caixeta Umbelino, presidente do CBO, Wilma Lelis Barbosa, da comissão organizadora do congresso, e pelo oftalmologista Maurício Maia, membro da diretoria do IPEPO.
Fonte: Revista Universo Visual