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O cenário da pandemia que afetou todo o planeta levou o Conselho Brasileiro de Oftalmologia a transformar o maior evento da especialidade na América Latina em um encontro totalmente virtual.
O primeiro dia do evento começa com o CBO Startup Challenge que tem o objetivo de identificar novas oportunidades de inovação. “O Conselho Brasileiro de Oftalmologia está sempre atento e acompanha as mudanças e a nova realidade do mundo atual. Assim sendo, vislumbramos sempre a necessidade de incorporação das mais modernas tecnologias disponíveis na prática oftalmológica. Teremos então, essa novidade do  desafio das Startups no congresso, que desta vez será realizado de forma virtual. Estas novas empresas apresentarão as suas novas inovações e aquelas selecionadas receberão mentoria”, explica José Beniz Neto, Presidente do CBO.
 
Inovação
 
O caminho é a conexão
Uma das palestras deste primeiro dia de CBO 2020 foi a de Lorenzo Tomé, médico radiologista pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e CEO do Saúde Digital Ecossistema, que abordou o tema “Como se preparar para a próxima crise no setor de saúde”.
Tomé comentou que uma notícia divulgada em um portal de saúde no mês de junho apontou que hospitais privados perderiam R$ 18 bilhões na pandemia e poderiam demitir 350 profissionais. Por outro lado, ações de empresas de tecnologia tiveram alta significativa. 
O médico também ressaltou que em fevereiro de 2019 foi revogada uma resolução que mostrava avanço no sentido da telemedicina e que teve de ser implantada às pressas durante a pandemia. “Será que seria diferente se estivéssemos há um ano trabalhando com telemedicina? Não estaríamos mais habituados com essa modalidade complementar do atendimento médico?”, questionou. 
Segundo ele, é preciso investir em uma plataforma, um ponto de conexão. “O valor da plataforma está em gerar incentivos e conexões. O mundo caminha para a mentalidade de plataformas, para processos digitais, avaliação de dados. Não adianta remar contra esta tendência”, disse. 
“Nós, médicos, somos muitos bons para seguir padrões. Hoje não temos um caminho certo, uma estrada conhecida em como ter sucesso em nossas carreiras médicas. Teremos que avançar, que correr riscos e experimentar. Sua capacidade é a mesma, mas terá que desenvolver novas habilidade. Comece pelo objetivo do médico: cuidar, preocupar-se com o paciente. Se me preocupar com aquele que é o objetivo da minha profissão, que é o paciente, muito provavelmente não haverá crise que me derrube”, finalizou.
 
Jornada do paciente
Lívia Cunha, CEO da Cuco, ministrou a palestra “Soluções Digitais e a experiência do paciente” no primeiro dia do CBO 2020. Ela alertou para o fato de que o Brasil tem mais de 50 milhões de pacientes crônicos e menos da metade deles realizam o tratamento da forma correta. Além disso, muitos fazem o tratamento por um tempo e não repetem o ciclo prescrito pelo médico.
“Isso me deixou cada vez mais curiosa. Fui estudar a jornada do paciente e percebi que é extremamente difícil. Desde marcar uma consulta com um bom médico que lhe dê a devida atenção até adotar uma rotina diária e sentir-se motivado para manter o engajamento no tratamento e repetir o ciclo”, elencou.
A Cuco desenvolveu então um aplicativo para ajudar o paciente a seguir o tratamento. Hoje essa solução tem mais de 120 mil usuários com média de adesão ao tratamento de 75%. O próximo passo veio depois de um levantamento feito junto aos usuários ter revelado que eles tinham necessidade de envolver outras pessoas nesse cuidado com a saúde. Ou seja, pacientes querem envolver médicos, profissionais de saúde e cuidadores no processo de seus cuidados.  Com base nisso, surgiu um segundo aplicativo, o cuidador digital. 
A ferramenta trouxe bons resultados. É o que revela um estudo que durou 12 meses, foi realizado com pacientes com cardiopatia congênita e envolveu a equipe multidisciplinar do HCor e os cuidadores. Os pacientes eram internados, passavam pela cirurgia e depois da alta hospitalar recebiam a orientação de fazer o download do aplicativo Cuco. “A ferramenta ajudava o paciente a tomar o remédio todos os dias e capturava dados que permitiam aos profissionais de saúde ver como estava evoluindo ao longo do tratamento. Saímos de um cenário de adesão de 40% medido pelo HCor para um de 79% com a solução” explicou Lívia.
 
Investimento em Startups
André Fróes, da Cotidiano, começou sua palestra no dia dedicado às startups usando a definição de Eric Ries sobre startup: “é uma instituição humana projetada para criar produtos e serviços sob condições de extrema incerteza . Ele ressaltou que no Brasil há mais de 13 mil startups. “O venture capital (mercado de investimento de risco) busca atrair os talentos em inovação com grande potencial de retorno muito grande. No ano passado, o setor de venture capital investiu quase US$ 3 bilhões em empresas que apostam em inovação e transformação. Em 2020, mesmo com a pandemia os investimentos não pararam. Foram mais de US$ 690 milhões em empresas de cunho tecnológico”, revelou.
 
Um dado importante apontado por Fróes é que o investimento em saúde, healthtech, é a “bola da vez”. “Foi a área que mais teve investimentos na etapa do Seed neste ano. E logo essas empresas receberão aportes maiores para alavancá-las ainda mais. Foi o que aconteceu nos anos anteriores com as fintechs, startups de serviços financeiros”, disse. 
Para finalizar, o palestrante destacou que a tecnologia é um meio para unir as pessoas. Segundo ele, todos serão líderes digitais e trabalharão o conceito de plataforma. “Investir em startup é uma estratégia de diversificação da carteira de investimentos e também de inovação aberta. Isso significa buscar inovação fora da sua empresa, do hospital ou da clínica. Olhar para fora permite capturar inovação, conhecimento e aprender com o desenvolvimento desses empreendedores, entregando mais valor ao que faz hoje”, concluiu

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