O SARS-CoV-2 é transmitido primariamente por partículas respiratórias, contato com superfícies contaminadas ou aerosóis. A academia americana de oftalmologia recomenda o uso de máscaras cirúrgicas e de protetores de lâmpada de fenda disponíveis comercialmente. Apesar disso, não existiam evidências de eficácia dos protetores de lâmpada de fenda.
Estudo sobre a eficácia dos protetores
Um estudo publicado em junho deste ano na Ophthalmology tentou replicar o espalhamento de aerosóis infectantes e partículas grandes em um cenário clínico de exame na lâmpada de fenda para avaliar a eficácia do equipamento em reduzir o risco da transmissão viral. Os testes foram realizados com uma lâmpada de fenda, um manequim representando um oftalmologista examinador e uma garrafa spray localizada na altura do apoio de queixo de onde ficaria o paciente, representando a produção de partículas respiratórias pelo paciente.
As partículas produzidas pelo spray tinham velocidade e alcance comparável as partículas produzidas durante o ato de espirrar ou tossir. Uma câmera de alta velocidade de captura 1.000 frames por segundo foi utilizada para o registro e as superfícies e o manequim examinados com luz ultravioleta para avaliar as partículas fluorescentes. Esse processo foi repetido em três situações: (1) sem equipamento de proteção, (2) com o protetor de lâmpada de fenda e (3) com uma máscara na frente do spray (simulando o uso de máscara pelo paciente). Na simulação 3, foram usadas 5 máscaras diferentes: n95, 3 máscaras cirúrgicas com diferentes níveis de eficácia de filtração variando de 95 a 99% e uma máscara de pano (com eficácia de filtração bacteriana de 55%).
Resultados
Na simulação 1, aerosóis ficaram suspensos no ar em maior densidade bem próximo da boca e do nariz do manequim. Essa densidade foi reduzida na simulação 2. Na simulação 3, nenhuma partícula foi observada nos 5 tipos de máscara. A análise mostrou que a simulação 3 teve uma quantidade estatisticamente menor de aerosol do que na simulação 2. A grande proximidade entre o oftalmologista e o paciente aumentam o risco de transmissão respiratória do vírus.
Com ou sem o protetor de lâmpada de fenda, os aerosóis se congregam em maior densidade próximo ao oftalmologista. Como eles se mantém viáveis durante horas, uma alta concentração poderia colocá-lo em risco de inalação do vírus. Apesar do protetor da lâmpada de fenda diminuir o risco por partículas maiores, a proteção contra aerosóis é limitada. No estudo foram encontrados aerosóis no protetor, na face do lado do manequim. Isso pode ocorrer porque existe uma abertura no protetor onde ele se encaixa na ocular da lâmpada de fenda. Ao usar o protetor isoladamente, a lâmpada, o protetor e a mesa podem atuar como fômites para transmissão por contato e as práticas de desinfecção são necessárias.
Conclusão
Esse estudo demonstrou que todos os 5 tipos de máscaras foram efetivos em conferir proteção contra aerosóis e partículas maiores. Concluiu-se portanto que o protetor de lâmpada de fenda prove proteção adicional aos oftalmologistas mas deve ser usado junto com outros equipamentos de proteção individual. Os pacientes devem sempre utilizar suas máscaras durante o exame oftalmológico.
Referencias bibliográficas:
Ong SC, Razali MAB, Shaffiee L, et al. Do Slit-Lamp Shields and Face Masks Protect Ophthalmologists amidst COVID-19? Ophthalmology, 2020.
Fonte: PebMed