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Por Juliana Rosa – Médica do departamento de lentes de contato da UNIFESP; Pós graduação Lato Sensu em Córnea pela UNIFESP; Especialização em lentes de contato e refração pela UNIFESP; Residência médica em Oftalmologia pela UERJ; Graduação em Medicina pela UFRJ
 
A miopia e seus números crescentes têm sido muito discutidos nos congressos oftalmológicos. O uso mais constante da visão de perto pelas crianças tem aumentado essa prevalência. A estimativa da Organização Mundial de Saúde é que em 2050, 50% da população global tenha miopia e 10% da mesma tenha alta miopia (-5,00 DE ou maior).
A alta miopia é preocupante principalmente devido à associação com degeneração miópica e descolamento de retina, o que resultaria em aumento dos índices de baixa visão e cegueira. Isso faz com que tenha que se pensar nesta alteração como um problema de saúde pública com potencial impacto econômico.
Além dessas alterações devemos considerar que uma parte da população mundial, que poderia ter boa visão corrigindo o grau com óculos, não tem acesso aos mesmos, o que também geraria diminuição da qualidade de vida e da produtividade de forma significativa. A perda de produtividade global resultante de erros refrativos não corrigidos (incluindo hipermetropia e astigmatismo) foi estimada em 202 bilhões de dólares por ano.
Não existia uma projeção da perda de produtividade relacionada ao crescimento dos pacientes com baixa visão e cegueira associada à miopia não corrigida e às alterações patológicas decorrentes da doença. Um artigo de revisão sistemática com esse objetivo foi publicado por um grupo australiano na Ophthalmology em março de 2019. Foi estimado o número de pessoas com miopia e degeneração macular miópica de acordo com os níveis de acuidade visual.
A cobertura com correção com óculos foi analisada de acordo com dados populacionais e indicadores de desenvolvimento e saúde específicos de cada país. Foram incluídos 37 estudos de 36 diferentes países. Foram analisados pesos de deficiência, taxas de emprego, taxas de força de trabalho, produção per capita para estimar a perda potencial de produtividade (em dólares) entre indivíduos com cada nível de baixa visão resultante de miopia em 2015.
Sem dúvida, a chance de que uma pessoa com miopia não tenha possibilidade de corrigir o erro refrativo com óculos por falta de acesso é maior em países pouco desenvolvidos e em áreas rurais. A metanálise concluiu que a perda potencial de produtividade associada ao aumento de casos de baixa visão por miopia é estimada em 244 bilhões de dólares para miopia não corrigida (IC 95%: 49 bilhões 697 bilhões) e 6 bilhões para degeneração macular miópica (IC 95%: 2 bilhões 17 bilhões).
A revisão sugere que o maior impacto ocorre no sudeste, sul e leste asiáticos. O aumento esperado da prevalência de miopia causará um impacto negativo muito grande na saúde pública e na economia, a não ser que ações sejam tomadas para prevenir, corrigir e controlar a miopia antes que isso ocorra.
A política dos governos deve levar em consideração o grande impacto negativo na produtividade econômica da falta de acesso à correção com óculos.

Fonte: PEBMED

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