A ceratite bacteriana, infecção que ameaça a visão e pode resultar em inflamação grave e cicatrizes na córnea, pode sofrer influência da ferroptose. Foi o que constatou uma análise conduzida por Qiankun Chen do Beijing Institute of Ophthalmology e Beijing Key Laboratory of Ophthalmology and Visual Sciences, na China.
Os pesquisadores explicam que “as características bioquímicas marcantes da ferroptose incluem o acúmulo de ferro, compreendendo as formas ferrosa (Fe2+) e férrica (Fe3+), e a peroxidação lipídica, resultando na geração de espécies reativas de oxigênio (ROS) que induzem a morte celular com um componente inflamatório”.
Para o estudo, a equipe avaliou a expressão gênica relacionada à ferroptose usando análise de transcriptoma em córneas humanas com ceratite bacteriana (pseudomonas aeruginosa) e córneas de doadores normais. Segundo os autores, essa análise mostrou alterações significativas em genes relacionados à ferroptose em córneas humanas com ceratite bacteriana. Para a avaliação, foram usados modelos murinos de ceratite por P. aeruginosa (BK) e células-tronco estromais corneanas.
Para avaliar o RNA para citocinas antiinflamatórias, actina de músculo liso α (α-SMA) e reguladores relacionados à ferroptose, foram feitos reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa, imunomarcação e Western blot, além de os pesquisadores medirem espécies de ferro e oxigênio reativo (EROs).
Os camundongos foram tratados com levofloxacina (LEV) ou levofloxacina associada à ferrostatina-1 (LEV+Fer-1). As células-tronco estromais da córnea foram tratadas com lipopolissacarídeo (LPS) ou LPS combinado com Fer-1. Aqueles que receberam LEV+Fer-1 apresentaram redução das citocinas inflamatórias, diminuição da cicatrização corneana e da expressão de α-SMA e Fe3+ menor em comparação com os grupos BK e LEV.
O grupo LEV+Fer-1 apresentou glutationa peroxidase 4 (GPX4) marcadamente elevada, um regulador da ferroptose, e o membro 11 (SLC7A11), um transportador de aminoácidos que suporta a síntese de glutationa, em contraste com os grupos BK e LEV. In vitro, Fer-1 restaurou as alterações em ROS, Fe2+, GPX4 e SLC7A11 induzidas por LPS em células-tronco estromais da córnea.
O time de cientistas concluiu que “a ferroptose desempenha um papel crucial na patogênese da BK”. Segundo eles, ao inibir a ferroptose é possível reduzir a inflamação e a cicatrização corneana, melhorando, assim, o prognóstico da ceratite bacteriana.
Fonte: Ophthalmology Times