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É acompanhada por osmolaridade aumentada do filme lacrimal e inflamação da superfície ocular, causando queimação, sensação de corpo estranho e piora da visão.
 
Mulheres em pós-menopausa tem maior incidência de síndrome do olho seco. Estudos epidemiológicos em larga escala americanos mostram que a taxa de síndrome do olho seco em mulheres com mais de 50 anos é perto do dobro de homens com mais de 50 anos (7%x 4%).
Causas
Existe uma etiologia hormonal por trás dessa susceptibilidade maior. O filme lacrimal tem três componentes maiores: a camada aquosa secretada pela glândula lacrimal, a camada lipídica secretada pelas glândulas de meibomius e a camada de mucina secretada pelas células de goblet conjuntivais. Para manter a homeostase da superfície ocular existe um balanço entre produção de lágrima, evaporação, drenagem, saúde das células epiteliais da córnea, plexo nervoso sub basal corneano e inflamação corneana e status imunológico. Os hormônios sexuais afetam esse mecanismo influenciando na patogênese da síndrome de olho seco. Receptores de esteroides estão presentes nas glândulas de meibomius, as glândulas palpebrais que produzem gordura que compõe a lágrima e evita a evaporação. A ligação de androgênios resulta em síntese e secreção de lipídios e a ligação de estrogênio resulta em diminuição da produção. Por isso acredita se que o aumento dos níveis de estrogênio é um fator de risco para olho seco. Gagliano et al. encontraram que mulheres pós-menopausa com olho seco evaporativo grave teriam menores níveis de estradiol e testosterona que o grupo controle. Uma possível explicação é que a testosterona é aumentada como resultado de olho seco e disfunção da glândula de meibomius por um mecanismo de feedback. Os níveis de testosterona inclusive aumentam quanto mais glândulas são perdidas na pós menopausa. A testosterona se mostrou protetora contra dano de glândulas de meibomius em ratos. Pode ser por isso que a testosterona (teoricamente benéfica) está paradoxalmente aumentada em mulheres com olho seco. 
Tratamento hormonal
O papel da terapia de reposição hormonal também tem sido investigada. Tem se mostrado benéfica ou perigosa dependendo dos hormônios usados e do órgão estudado. Em relação ao olho seco, Schaumberg et al. encontraram que a terapia com estrogênio e progesterona aumentam significativamente o risco em relação a sem terapia (OR 1.29). Altas doses de estrogênio isolado ou estrogênio + progesterona resultam em aumento da gravidade dos sintomas de olho seco comparado com baixas doses. Outros estudos encontraram que a terapia atual diminui as queixas.  Jensen et al. mostraram que mulheres em terapia há mais de 5 anos têm melhor produção de lágrima e menores queixas do que em curto prazo. O efeito do estrogênio e da progesterona são controversos mas os achados recentes mostraram um risco aumentado dose dependente de sintomas de olho seco. A discrepância dos estudos ainda não foi explicada. 
Alguns estudos tem sido conduzidos para acessar a eficácia dos androgênios para olho seco. Eles seriam benéficos no olho seco e estariam associados a melhora sintomática especialmente em mulheres com níveis anormalmente baixos de testosterona, homens com bloqueadores androgênicos e pacientes com síndrome de insensibilidade completa a androgênios. Os efeitos da administração sistêmica são grandes e por isso a forma tópica em colírios seria uma melhor rota para limitar a absorção sistêmica. Um estudo do National Institute of Health encontrou que 30% dos pacientes com olho seco recebendo colírio de testosterona se tornaram assintomáticos se comparado com 8% no grupo controle após 6 meses de tratamento. Connor et al. usaram preparação transdérmica nas pálpebras que resultou em 51% de redução dos sintomas. 
Existe ainda a falta de grandes estudos controlados com grande follow-up para avaliar melhor o papel da terapia de reposição hormonal na menopausa. Estudos focados na perimenopausa e mulheres com menopausa há 10 anos podem ser interessantes já que essas parecem ter o maior benefício. É muito importante que o profissional de saúde seja capaz de reconhecer e tratar a síndrome do olho seco, dando assim uma melhor qualidade de vida para essas mulheres. 
Referências bibliográficas:
Peck T, Olsakovsky L, Aggarwal S. Dry Eye Syndrome in Menopause and Perimenopausal Age Group. J Midlife Health. 2017 Apr-Jun;8(2):51-54. doi: 10.4103/jmh.JMH_41_17

Fonte: PebMed

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