A superfície lisa das algas marinhas está relacionada ao alginato, uma substância mucilaginosa que foi alvo de um estudo da Pohang University of Science and Technology publicado na revista Biomaterials. O esforço colaborativo incluiu pesquisadores da Escola de Ciência e Tecnologia de Convergência e do Departamento de Engenharia Química da Postech, e do Departamento de Oftalmologia do Dong-A University Hospital.
Juntos, os cientistas criaram um corpo vítreo artificial para o tratamento de descolamento de retina. Em comunicado divulgado à imprensa, a equipe lembra que o corpo vítreo é uma substância semelhante a um gel que ocupa o espaço entre o cristalino e a retina, contribuindo para a integridade estrutural do olho. O descolamento de retina ocorre quando a retina se separa da parede interna do olho e se move para a cavidade vítrea, levando ao descolamento e potencialmente resultando em cegueira em casos graves. A abordagem comum envolve remover o corpo vítreo e substituí-lo por preenchimentos intraoculares que, segundo eles, têm sido associados a vários efeitos colaterais.
Para resolver a questão relacionada a esses efeitos, a equipe usou uma forma modificada de alginato, um carboidrato natural proveniente de algas, também conhecido como ácido algínico, e que é amplamente utilizado em várias indústrias, como a de alimentos e fármacos, por sua capacidade de criar produtos viscosos. A partir dessa substância, os pesquisadores criaram um hidrogel que pode ser usado como alternativa potencial para a substituição vítrea.
O hidrogel, que tem alta biocompatibilidade e propriedades semelhantes ao autêntico corpo vítreo, permite que os pacientes preservem sua visão pós-cirurgia. Sua viscoelasticidade distinta regula efetivamente a dinâmica de fluidos dentro do olho, contribuindo para a estabilização da retina e a eliminação de bolhas de ar.
Para validar a estabilidade e eficácia do hidrogel, a equipe realizou experimentos usando olhos de coelhos, que se assemelham aos olhos humanos em termos de estrutura, tamanho e resposta fisiológica. A implantação do hidrogel nos olhos dos animais demonstrou ter sucesso na prevenção da recorrência do descolamento de retina, mantendo a estabilidade e funcionando bem por um período prolongado, sem efeitos adversos.
“Há uma correlação entre o descolamento de retina e a miopia grave e a prevalência de descolamento de retina está aumentando, particularmente em jovens. A incidência de casos de descolamento de retina na Coreia aumentou 50% em 2022 em comparação com 2017”, informou em comunicado Hyung Joon Cha, do Postech, que liderou o estudo. “Nossa equipe aprimorará e progredirá a tecnologia para tornar o hidrogel adequado para uso prático em cuidados oftalmológicos do mundo real por meio de pesquisas em andamento”, completou.
Já Woo Jin Jeong, do Dong-A University Hospital, afirmou que o mercado mundial de preenchedores intraoculares está se expandindo a uma taxa de 3% ao ano. “Prevemos que o hidrogel que criamos será benéfico nas próximas cirurgias vitreorretinianas”, concluiu.
