É descrito como um transtorno do desenvolvimento porque geralmente os sintomas aparecem nos primeiros dois anos de vida.
Análise recente
Um artigo publicado em abril de 2020 teve como objetivo descrever alterações oftalmológicas em crianças com TEA. O estudo prospectivo avaliou o exame oftalmológico e o exame oculomotor. O grau da TEA e o impacto no QI (intelligence quotient) e verbal foram determinados. As informações clínicas foram comparadas entre grupos baseado na presença ou ausência de desordens oftalmológicas.
Foram avaliadas 51 crianças e encontradas alterações oftalmológicas em 39% dos casos, com 35% tendo erros refrativos significativos e 10% apresentando estrabismo. As crianças com TEA e alterações oculares tinham menor desempenho verbal (29,8 ± 14,7 comparado com 44,3 ± 21,5; p = 0,010) e QI (57,8 ± 18,3 comparado com 67,59 ± 20; p = 0,049) mas não houve associação significativa entre a presença de alterações oftalmológicas e o grau de severidade da TEA, capacidade de comunicação e contato social ou modulação do comportamento quando ocorre alguma mudança. Crianças que não atingiram a acuidade visual monocular mínima (39%) tiveram desempenho verbal pior (25,1 ± 9,7 comparado com 46,1 ± 20,9; p < 0,001) e QI (52,7 ± 17 comparado com 69,8 ± 18,8; p = 0,001)e também apresentaram maior dificuldade na interação social e mais alterações comportamentais.
Conclusão
O artigo conclui que as desordens oftalmológicas são frequentes em crianças com TEA, especialmente naquelas com deficiência intelectual. Não houve grupo controle, o que não nos permite dizer que elas são mais comuns do que em crianças típicas.
De qualquer forma, entende-se que Oftalmologistas, psiquiatras infantis e neuropediatras devem estar atentos e orientar o exame oftalmológico em crianças com TEA já que as alterações oculares em alguns casos podem não ser detectadas sem a avaliação.
Fonte: PebMed