Tempo de leitura: 2 minutos

Cientistas estão próximos de resolver um problema visual que afeta milhões de pessoas por todo o mundo — degeneração da retina — graças a um tratamento envolvendo neurônios dormentes do tecido ocular. Na doença, as células fotorreceptoras do fundo dos olhos, ou seja, sensíveis à luz, morrem sem ser substituídas, gradualmente cegando o paciente.

Os neurônios dormentes em questão são as gliais de Müller, ou células de Müller, que funcionam como cones fotorreceptores nas células, necessários para a percepção de cor e acuidade visual. O processo só foi testado, até o momento, em células de camundongo, mas as descobertas sobre ele podem levar, no futuro, a terapias de restauração de visão em quem teve degeneração da retina.

Células de Müller e a visão

Um dos motivos que levaram os cientistas a focar os trabalhos nas gliais de Müller é sua habilidade de se reprogramar em alguns animais. Nos seres humanos e mamíferos no geral, doenças e ferimentos causam danos irreparáveis nessas células, que não conseguem mais se regenerar — já nos peixes, elas são reativadas e conseguem reconstruir a retina. Ainda não sabemos exatamente porque isso acontece.

Alguns genes chave fizeram parte da pesquisa — o Ikzf1 e o Ikzf4 —, bem como as proteínas que produzem. Conhecidas como Fatores de Identidade Temporal (FIT), elas têm um papel importante no desenvolvimento de células em diversos tipos diferentes. As células de Müller foram isoladas e cultivadas antes de serem reprogramadas usando FITs como os que já citamos.

Embora os fatores não tenham transformado completamente as células gliais em células-cone, elas assumiram algumas características necessárias para funcionar como fotorreceptoras, um avanço importante no campo. As células gliais ajudam a nutrir, regular e organizar outras células oculares, mas, no momento, não há o suficiente delas nos experimentos para converter células fotorreceptoras o bastante para curar uma visão perdida.

Embora a pesquisa esteja em estágios iniciais, é possível que, com avanços o suficiente, o futuro nos traga tratamentos em humanos que não necessitem do transplante de qualquer célula nova. Pensando mais longe, os achados do estudo também poderão ser úteis no tratamento de doenças cerebrais, substituindo neurônios danificados ao reprogramar outras células para assumir seus papéis.

Fonte: Neuroscience

Compartilhe esse post