Este ano a dengue aumentou 85% em relação ao mesmo período do ano passado segundo levantamento do Ministério da Saúde. A Pasta aponta 323,9 mil notificações do doença. Pior: até o final da primeira quinzena de abril foram 85 mortes, 73% acima do mesmo período do ano passado. Significa que o atendimento tardio está em alta. Isso porque, nas epidemias anteriores a Pasta aponta que o atendimento médico tardio responde por 90% das mortes. O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto alerta que a demora na busca por tratamento também pode causar distúrbios graves na visão que nem sempre são percebidos logo no início. Mesmo a dengue clássica, considerada menos perigosa, pode afetar o segmento posterior dos olhos – coroide (revestimento interno) e retina (membrana que transmite imagens para o cérebro). Isso porque, explica, para combater o vírus nosso sistema imunológico forma anticorpos que alteram a corrente sanguínea. As principais mudanças no sangue são:
– Diminuição do número glóbulos brancos e linfócitos responsáveis pela defesa do organismo;
– Queda das plaquetas que respondem pela coagulação.
O especialista diz que a queda de plaquetas pode ocasionar hemorragia subconjuntival ou intraocular. Já a oclusão vascular é precipitada pelo depósito de anticorpos nas paredes internas das artérias e vasos que aumentam o risco de derrame intraocular.
Sintomas e Tratamentos
De todos os distúrbios oculares decorrentes da dengue, só a hemorragia subconjuntival altera o aspecto do olho, deixando a esclera (parte branca) congestionada de sangue. Pode estar relacionada a um trauma e por isso é mais comum entre crianças. Apesar de a aparência impressionar, não se trata de um problema grave e desaparece em semanas sem uso de medicação. Em caso de dor nos olhos ou visão turva, a recomendação é consultar um oftalmologista imediatamente.
O oftalmologista destaca que a oclusão vascular (trombose) diminui a visão e aumenta o risco de hemorragia intraocular. Por isso, quem é acometido pela dengue deve passar por exame de fundo de olho logo após o diagnóstico da doença. O tratamento pode ser feito com aplicações de laser e injeções antiangiogênicas para impedir o sangramento. Em caso de hemorragia, é indicada a vitrectomia. Trata-se de um procedimento cirúrgico feito com micro incisões para eliminar o sangramento que provoca cegueira irreparável quando atinge a mácula (parte central da retina).
Grupos de Maior Risco
Portadores de diabetes, hipertensão arterial e colesterol alto que provoca aterosclerose também correm maior risco. O especialista alerta os pais para o alto índice de crianças que têm estas doenças não diagnosticadas. Isso porque, na população infantil é mais frequente o diagnóstico tardio pelos sintomas serem mais brandos. Manchas vermelhas na pele, febre, dor nas articulações, olhos e músculos são os primeiros sinais de alerta da doença. A recomendação é passar por consulta oftalmológica, mesmo quem nunca foi infectado.
Fonte: LDC Comunicação