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Comunicação como fio condutor da carreira médica

Quem acompanha minhas últimas colunas aqui na Universo Visual sabe que falamos muito sobre temas que vão além da técnica: o médico gestor, a jornada do paciente, o marketing que faz sentido para a carreira e todas as escolhas que moldam o caminho profissional ao longo dos anos.

Se você não leu, recomendo muito estas duas últimas reflexões, porque elas se conectam diretamente com o assunto de hoje: Gestão de Clínicas e Jornada do Paciente e O Marketing que Cabe em Você.

Entre todas essas discussões, existe um fio condutor que sustenta tudo: a comunicação como ferramenta estratégica. Não aquela comunicação superficial, mas aquela que organiza pensamento, cria impacto, gera confiança e movimenta uma especialidade inteira.

Essa percepção ficou ainda mais forte depois da conversa que tive com o Prof. Ariovaldo, neurologista e referência na formação de speakers, com sólida bagagem em PNL, PBL e educação médica. Além disso, ele tem uma visão generosa sobre o que significa ensinar dentro da medicina. E faz sentido, considerando sua trajetória como neurologista e destaque entre os principais especialistas em cefaleia do país.

Logo no início, percebemos algo importante: a carreira médica não é linear. Tem começo, meio, pausas, retomadas e ramificações. Ser speaker pode aparecer em todas essas fases. No início, abre portas e aproxima o médico de centros de referência. Já no meio da jornada, fortalece autoridade e amplia impacto. Para quem está em transição, vira um caminho para continuar contribuindo, ensinando e mantendo o conhecimento vivo.

Ser speaker é muito mais do que palestrar

Nesse ponto, chegamos a uma reflexão essencial: ser speaker não é só sobre palco em grandes congressos. É saber comunicar nas situações que realmente fazem diferença:

  • treinar sua equipe;
  • orientar pares e residentes;
  • participar de eventos regionais e discussões técnicas;
  • dialogar com pacientes cada vez mais informados pela internet.

Assim, comunicar bem já faz parte do cuidado, do posicionamento e da gestão.

Foi nesse contexto que o professor trouxe um dado que me fez parar. Ele contou que há empresas que realizam mais de seis mil mini-meetings por ano. São seis mil momentos em que alguém precisa ensinar, explicar, traduzir ciência. Ao mesmo tempo, em algumas especialidades, existem apenas três speakers preparados, quando o mercado precisaria de pelo menos quinze. Essa lacuna fala por si: existe demanda, existe espaço, existe necessidade real. Falta preparo.

Quando ouvi isso, tudo ficou mais claro. A carreira de speaker nunca foi sobre “dar uma palestra aqui e ali”. É sobre participar da educação médica continuada, das conversas que moldam condutas e das inovações que precisam ser apresentadas com ética e clareza. Ou seja, é sobre influenciar a especialidade de forma coletiva, muito além do consultório.

Comunicar bem melhora a técnica e a relação com o paciente

Existe ainda um ponto essencial: desenvolver habilidades de comunicação não melhora apenas autoridade, reconhecimento ou oportunidades de carreira. Falar bem também transforma a prática clínica. Uma comunicação mais clara, objetiva e efetiva fortalece a relação médico-paciente, melhora a compreensão das orientações e contribui diretamente para a segurança e os resultados do cuidado.

Estudos mostram que uma comunicação eficaz aumenta a adesão ao tratamento, reduz falhas de entendimento e eleva a satisfação do paciente — elementos fundamentais para uma medicina moderna e humanizada. Fonte: Effective Patient-Physician Communication: A Review.

O movimento do mercado e o papel do UV Educacional

O ano de 2025 reforçou essa percepção em vários momentos. Em conversas com especialistas, nos cafés dos congressos e na correria do dia a dia da oftalmologia, ficou evidente que os médicos querem se comunicar melhor, ensinar e se posicionar. Entram aqui as soft skills: clareza, didática, presença, organização narrativa, empatia e postura. Habilidades que não vêm do diploma, mas definem o impacto.

Além disso, o mercado está pedindo isso. Conhecimento técnico é essencial, mas precisamos olhar para os outros pontos que fecham a conta.

Foi essa leitura que motivou a expansão do UV Educacional. Nosso propósito sempre foi apoiar o desenvolvimento dos médicos com curadoria, formação e direção. Agora damos um passo importante com a criação da Escola de Speakers de Oftalmologia, em parceria com a Synapse Consultoria e o Prof. Ariovaldo. Não é um caminho que substitui a prática clínica. É um caminho que expande possibilidades.

O professor Ariovaldo sintetizou isso de forma honesta e direta. Ele lembrou que até 2030 o Brasil terá um milhão de médicos e que a atividade de speaker deixou de ser um bônus: virou um caminho real de realização e independência. Ele finalizou com uma metáfora sincera: “tem cavalo arriado passando do seu lado e às vezes você não está vendo.”

2025 foi o ano em que escolhemos ver.
2026 será o ano em que vamos abrir espaço para que muitos montem.

Assista à entrevista completa e conte para nós o que achou:

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