Desde o fim de 2019, a Ásia experimenta o grande desafio contra a pandemia pelo novo coronavírus. Os primeiros casos de Covid-19 foram reportados na China e, em janeiro de 2020, em Singapura. Nos meses que se seguiram, muitos foram os desafios no manejo clínico dos pacientes com glaucoma.
Uma publicação na Ophthalmology relatou as perspectivas da China e de Singapura em relação ao tratamento dos pacientes com glaucoma durante a crise. Primeiramente a pandemia tornou difícil o acesso dos pacientes a cuidados médicos.
Manejo na China
Na China foi desenvolvido um sistema em que os pacientes respondiam a questões pressionando as teclas correspondentes em seus telefones e eram encorajados a tirar fotos dos olhos e baixar esse programa. As informações eram analisadas pelo programa de inteligência artificial e por médicos, dependendo das respostas selecionadas. O diagnóstico e plano de tratamento eram feitos e enviados por aplicativo para o paciente.
Se fossem necessárias medicações, estas eram prescritas via app. Em termos de segurança e privacidade de dados, o programa respeitava as normas das leis de proteção chinesas. Em pesquisa de usuários, mais de 90% dos 1.500 pacientes envolvidos no projeto estavam satisfeitos com o serviço. A ação também diminuiu o número de idas precoces às clínicas e aos centros de tratamento.
Somente pacientes com alto risco de morbidade visual não tiveram as cirurgias canceladas e todos foram submetidos a swab nasal para PCR para SARS-CoV-2 na semana anterior à cirurgia. Após a cirurgia, todas as salas eram desinfectadas com agentes clorados com, no mínimo, 30 minutos de intervalo entre os procedimentos. A pressão intraocular era medida por tonômetros de não contato, que eram esterilizados com álcool a cada uso. Lentes de gonioscopia foram colocadas em álcool 75% por meia hora antes do uso.
Manejo em Singapura
Em Singapura os princípios de proteger todo a equipe de saúde e pacientes de adquirir e transmitir o vírus através da utilização de equipamentos de proteção foram mantidos, além da quarentena. Além disso, assim como na China, foram instaladas as proteções de plástico nas lâmpadas de fenda e a medição da temperatura de todos os profissionais da saúde duas vezes ao dia.
As equipes foram divididas em duas e cada uma tinha seu local de descanso, sem contato entre elas. Os pacientes com casos não urgentes foram referenciados para clínicas mais vazias. Muitos foram atendidos por técnicos em unidades de investigação locais nas comunidades para acuidade visual, tonometria, campo visual e retinografia. Uma consulta por vídeo foi realizada uma semana depois e as informações da investigação comparadas por médico com os dados de prontuário eletrônico do paciente.
As medicações necessárias foram enviadas aos pacientes. Aqueles com condições pioradas tiveram as medicações modificadas ou foram encaminhados para novas avaliações posteriores na clínica. Durante a pandemia de Covid-19, acreditaram ser muito importante uma combinação dos métodos online e presencial para o manejo dos pacientes com glaucoma. Somente os pacientes que passaram por consulta online e teriam necessidade de futura avaliação presencial ou cirurgia foram referenciados para o hospital.
Apesar dos problemas da pandemia, muito foi aprendido. Será que o uso de tecnologias digitais como aplicativos e inteligência artificial representam uma ferramenta nova de transformação do manejo do glaucoma?
Fonte: PebMed