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No último dia 6, a SBRV (Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo) deu início à 45ª edição do Bravs Meeting. O evento, realizado neste ano pela primeira vez em formato totalmente online, traz convidados nacionais e internacionais para debater temas relevantes da área em sete módulos.
O presidente em exercício da BRAVS (Brazilian Vitreoretinal Society), Maurício Maia, deu início ao congresso com mensagem de solidariedade por conta da pandemia e prestou inclusive um minuto de silêncio em respeito às famílias e àqueles que perderam suas vidas devido a Covid-19.
Em sua abertura, Maia disse que é preciso “resiliência para enxergar oportunidade em cada desafio” e que por isso agradece aos patrocinadores, inclusive aqueles que “por conta desta que é maior crise humanitária dos últimos tempos, não conseguiram contribuir”. O presidente reconheceu o empenho das comissões científicas e falou sobre a relevância deste momento único, que só reforça o senso de fraternidade e união da Sociedade.
Dando sequência, Magno Ferreira, presidente da BRAVS, expôs para o público os resultados das conquistas realizadas em sua gestão (2018-2020). Com foco em inovação, liderou o processo para a construção de um sistema próprio de ERP (Enterprise Resource Planning), o que garantiu, dentre outros, a recuperação de 250 membros da Sociedade.
Ferreira mencionou a automação na prova para admissão de novos membros, agora realizada de forma 100% digital, e do reconhecimento – inclusive no exterior – do Retina e-book, ambos frutos do trabalho realizado nestes dois anos. Em sua apresentação, também comentou que o investimento em processos focados em informação (big data) tem potencial para impactar futuramente a fidelização, captação e o retorno de sócios, uma vez que estes passam a ser realizados de forma mais ágil e transparente.
Simpósio Novartis
Para iniciar a trilha de conteúdos científicos, foi apresentado o lançamento da Novartis para DMRI (Degeneração Macular neovascular (úmida)Relacionada à Idade). Batizado de VSIQQ® (BROLUCIZUMABE), a medicação reduz o fardo e promete uma maior previsibilidade às doses. O fármaco teve aprovação em tempo recorde pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): em apenas um ano e dois meses após a submissão; normalmente este prazo varia em torno de 18 meses. Em breve já será possível prescrevê-la e o time comercial da Novartis entrará em contato com os sócios para apresentar propostas, bem como informações sobre preço e cobertura. A empresa lançará um serviço de suporte ao paciente para o qual todos serão convidados a participar.
Ao lado de Maia, abriram o simpósio as executivas Carolina Sponton, responsável pela área de oftalmologia na Novartis e Liane Touma Falci, diretora médica na Novatis. Os convidados internacionais Mark Barakat e Rishi Singh, dos Estados Unidos (E.U.A.), junto a Ramin Khoramnia, da Alemanha, discursaram sobre o cenário atual da DMRI e trouxeram detalhes sobre os resultados dos estudos controlados de Fase III, HAWK (RTH258-C001) e HARRIER (RTH258-C002). Além disso, compartilharam casos clínicos a partir de suas vivências em consultório fora do Brasil e ponderaram acerca da importância de balancear os riscos e benefícios de VSIQQ® com ética e uso responsável. Segundo Barakat, este é o melhor tratamento para retina seca já visto, apesar de ter apresentado uma rara complicação relacionada a uma condição de inflamação.
Retina Pink
O ponto alto, segundo Maia, ficou com a participação do Retina Pink, grupo formado por médicas oftalmologistas especializadas em retina e vítreo e que tem como uma de suas missões conceder visibilidade às mulheres dentro do setor. Compuseram o painel de casos as especialistas Camila Ventura, Cleide Machado, Elaine Santos, Fernanda Porto, Francyne Cyrino, Adriana Borges, Juliana Sallum e Roberta Manzano, sob a coordenação de Ana Cristina Holanda de Freitas e Thais Mendes. Além das painelistas Beatriz Takahashi, Nilva Moraes, Silvana Vianello, contou com a participação, diretamente dos E.U.A., de Daniela Ferrara. Dentre os casos exibidos, destaque para o apresentado por Borges de uma mulher, jovem, triatleta, que negava uso de anabolizantes e não fuma. Relatava cansaço, zumbido, tontura e alteração discreta de olfato e paladar há uma semana. As hipóteses de diagnóstico de Covid e trombofilia foram descartadas (RT-PCR negativo e rastreamento genético para trombofilia idem) e exame de D-Dímero não passou de 350 µg/l. Foi medicada com vasodilatador Viagra (sildenafila 50mg, 1 comprimido ao dia por 5 dias). Em análise junto ao médico cardiologista foi solicitada a revisão do esquema de hidratação e a avaliação para descontinuar o uso do anticoncepcional.
Vale menção o caso trazido por Manzano, que encerrou o painel com a história de um paciente masculino, 33 anos, pressão boa, HIV positivo desde 2017 e histórico de Covid há três semanas. Por meio de exames, percebeu-se que apresentava um grande descolamento ceroso e vasculite no olho esquerdo. Tudo indicava sífilis, mas ele informava ter cuidado da doença em 2017 com penicilina. Na discussão, foi mencionado que um soropositivo tem 80 vezes mais chances de contrair sífilis do que quem não tem. Foi comentada a necessidade de rastreamento por meio de exame mais específico, pois poderia ser uma neurosífilis. Além do que, a sífilis pode mimetizar várias outras doenças. Como conclusão, tratava-se mesmo de uma sífilis aparentemente mau tratada e, após conduta adequada, teve grande melhora.
Com mais de 1200 pessoas – dentre 500 que permaneceram conectadas – Maia encerrou o primeiro módulo e agradeceu novamente aos participantes: “A nossa Sociedade não pode perder esse DNA, somos uma sociedade de grandes amigos, de alto nível de competência, obrigado pela presença de todos. Ainda teremos mais seis encontros para compartilhar muito conhecimento . O próximo módulo será realizado no dia 20 de março.
Para mais informações, acesse: https://www.bravsmeeting.com.br

 

 

Fonte: Revista Universo Visual

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