Hoje pela manhã, 5 de setembro, aconteceu a sessão de apresentação do tema oficial do 63º Congresso Brasileiro de Oftalmologia, “Lasers em Oftalmologia”. Esse também é o nome da obra que tem como relatores Armando Stéfano Crema, Elisabeto Ribeiro Gonçalves e Francisco Eduardo Lopes de Lima e como coordenadores Adriana dos Santos Forseto, Marcony Santhiago e Roberto Limongi.
O livro é dividido em seis partes: Introdução (propriedades físicas dos lasers utilizados em oftalmologia); Córnea e Conjuntiva; Cirurgia Refrativa; Glaucoma; e Retina e Vítreo. A obra tem 105 capítulos e sua elaboração contou com a participação de 187 especialistas de todo o Brasil.
A apresentação do tema oficial do congresso contou com a presença dos relatores, coordenadores, de alguns colaboradores e também do representante da Cultura Médica, que editou o livro. José Augusto Alves Ottaiano, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), falou da relevância da técnica para a especialidade. “O laser evoluiu de forma grandiosa e tem uma aplicabilidade maravilhosa na oftalmologia, proporcionando uma série de benefícios aos pacientes”, revelou.
Roberto Limongi, da Universidade Federal de Goiás, falou sobre a Plástica Ocular e Vias Lacrimais. O médico ressaltou que em pálpebra se usa muito o laser de CO2. “Ele vem com duas ponteiras sendo que a de maior uso é a de corte que permite, por exemplo, fazer a cirurgia de pálpebra com menos hematoma, além do paciente se recuperar mais rapidamente”, comentou. Limongi disse que na pálpebra costuma usar a ponteira tanto para dissecar os tecidos no corte como para cauterizar.
Marcony Santhiago, da Universidade de São Paulo (USP) abordou o laser na Cirurgia Refrativa. “A relação entre laser e cirurgia refrativa é tão intensa que foram 33 capítulos sobre o assunto no livro, com a participação de 45 autores. Hoje o laser é aplicado tanto para tornar a cirurgia mais segura como para a correção da ametropia”, disse. Santhiago disse que entre os pontos abordados na publicação estão a evolução da Cirurgia Refrativa, modelos de excimer laser, femtosegundo, cirurgias refrativas, e ametropias específicas.
Quem também coordenou o livro foi a oftalmologista Adriana Forseto, que explicou sobre Córnea e Conjuntiva e disse que o capítulo é bastante completo para quem quiser se aprofundar no tema. “A publicação traz temas como microscopia confocal da córnea e suas aplicações clínicas, como o auxílio em diagnóstico de olho seco e doenças contagiosas”, comentou. Além disso, a obra trata de temas como OCT para avaliação de córnea e conjuntiva, aplicações de laser em conjuntiva como pinguécula, pterígio e conjuntivocálase, tratamento das neoplasias conjuntivas e histórico, aplicações e principais características de transplantes de córnea e lasers de femtosegundo.
Já o oftalmologista Fransciso Lima, um dos relatores da obra, comentou sobre os impactos do uso do laser na iridectomia e na trabeculoplastia. “Não há como separar glaucoma e laser. A iridectomia se tornou muito mais confiável e segura com o advento do laser”, afirmou. “Estima-se que em 2020 haverá 21 milhões de pessoas com glaucoma de ângulo fechado. Em vários países, os governos estão fazendo conta de quanto custaria o tratamento com colírio e passaram a indicar trabeculoplastia seletiva a laser. Assim, se protela o uso do colírio e evita o impacto negativo na vida dos pacientes”, concluiu o médico.
Também relator da publicação, Armando Stéfano Crema apresentou um panorama geral do livro e disse que ao pesquisar a existência de publicações que tratam do tema, não encontrou na literatura nenhuma que agregue todas as áreas da oftalmologia. “É o primeiro livro de laser que contempla aplicações em todas as subespecialidades”, ressaltou o oftalmologista.
O oftalmologista Elisabeto Ribeiro Gonçalves disse que uma das questões que surgiu ao escrever o capítulo sobre Retina do livro é se o anti-VEGF vai desbancar o laser. “Acredito que não, ele veio para complementar o laser, um ajudando o outro a resolver questões retinianas. Não é um contra outro, mas sim anti-VEGF e laser”, explicou. E lembrou que quando o laser foi introduzido na medicina foi um grande frisson. “Houve quase que uma panaceia, depois foi sendo decantado e hoje é uma arma fundamental e indispensável ao exercício profissional”, ressaltou.
O laser é um dos assuntos que revolucionou a medicina nos últimos tempos e a oftalmologia está entre as disciplinas médicas que mais se beneficiou do progresso tecnológico e, consequentemente, da utilização de raios laser (Lignt Amplifer by Stimulated Emission of Radiation) no tratamento de doenças oculares, possibilitando aplicações diagnósticas e terapêuticas cada vez mais precisas.
Foi justamente para relatar a história e a atualidade desse desenvolvimento que “Lasers em Oftalmologia” foi escolhido como tema oficial do 63º Congresso Brasileiro de Oftalmologia.
Fonte: Universo Visual