Eleito presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) – biênio 2022/2023 – durante as eleições que ocorreram no CBO 2021, em uma disputa entre duas chapas, o oftalmologista, professor e chefe do Setor de Glaucoma da Santa Casa de São Paulo, membro consultivo da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), Cristiano Caixeta Umbelino, reforça que o CBO vai sempre trabalhar em prol da classe oftalmológica, defendendo principalmente o direito do paciente de ter acesso a um bom exame de acuidade visual. “Muitas vezes situações nos empurram para cenários que a gente não gosta, mas infelizmente essa é a realidade. Não dá para trabalhar fora da realidade, da construção de uma dignidade médica. E é isso que o CBO sempre buscou. Vamos trabalhar muito!”, revela. Acompanhe a entrevista dada à revista Universo Visual, onde Caixeta conta sobre sua trajetória na oftalmologia e os principais desafios durante sua gestão.
Revista Universo Visual: Como a oftalmologia entrou na sua vida?
Cristiano Caixeta: A oftalmologia entrou na minha vida, por exemplo de um tio avô que era oftalmologista e otorrinolaringologista, o doutor Ismael Ribeiro da Silva, que na sua época, a oftalmologia e a otorrino eram uma especialidade única. Por questões familiares, nós tínhamos muito contato, e pude acompanhar de perto sua trajetória profissional, onde ele saiu do interior de Minas Gerais, foi para a Inglaterra, e depois voltou ao para exercer a medicina e oftalmologia. Então ele foi meu contato mais direto com a oftalmologia, já que não tenho nenhum outro médico na família.
UV: E como foi a sua formação na especialidade?
Caixeta: Eu terminei a faculdade em 1998 e vim para São Paulo fazer meu sexto ano de medicina. Depois, em 1999, entrei na Santa Casa de São Paulo para fazer meu primeiro ano de oftalmologia e lá estou até hoje, como chefe do Departamento de Glaucoma da Santa Casa de São Paulo. Ao longo desta trajetória, tive grandes mestres que me inspiraram, mas não posso deixar de mencionar aqui, Geraldo Vicente de Almeida, Ralph Cohen e Carmo Mandia Jr., que são três pessoas muito importantes na minha formação e que me levaram até o glaucoma, além de todos os outros colegas ali dentro da Santa Casa.
UV: Como foi a sua entrada no Conselho Brasileiro de Oftalmologia?
Caixeta: A minha a minha trajetória dentro das entidades de classe começou pela Sociedade Brasileira de Glaucoma em 2011, quando fui convidado pelo Vital Paulino Costa para ser o tesoureiro da SBG durante sua gestão. E novamente na gestão seguinte, com o colega Francisco Lima. Então foram alguns anos como tesoureiro.
Desta experiência, veio um novo convite, dessa vez do Homero Gusmão de Almeida, para eu assumir a tesouraria do CBO, durante sua gestão, de 2015 a 2017. Naquela época, recebi a ligação dele com o convite e falei “Homero eu preciso de tempo pra responder. Eu não tenho dúvidas de que é uma honra, mas entrar no CBO de cabeça, sabendo o quão crítico eu sou, com meus posicionamentos e tudo mais…” Além de tudo, precisava ouvir minha família, e entender se era o momento de tal dedicação. Também conversei com o Professor Geraldo, que me incentivou a aceitar, porém, ressaltou que era necessário extrema dedicação. “Ele claramente virou para mim e falou o seguinte: “entra, se você não acreditar em tudo que eu penso do CBO, você sai”. Topei a empreitada e claramente foi um grande amadurecimento vivenciar tudo aquilo, e ter uma visão do que realmente acontece dentro da entidade.
UV: É que muitos realmente não têm a visão do que acontece dentro do CBO.
Caixeta: Exato. É fácil falar quando você está fora. Mas vir aqui e assumir isso, tentar buscar sempre a melhor posição para toda uma classe é mais difícil e muito mais complexo.
Então logo na minha primeira gestão eu entendi que eu tinha que dedicar pelo menos 40% da minha semana aqui dentro, isso é muito difícil, porque as pessoas acham que no CBO os cargos são remunerados, mas não.
Para mim, foi muito importante conhecer o CBO como eu conheci e entender o quanto essas pessoas que passaram por aqui se dedicaram antes de assumir a presidência. Aqui dentro nós trabalhamos em projetos que atuam no legislativo, nas questões jurídicas e de saúde ocular mesmo. E eu acho que quando a classe acompanha de fora ela não vê o quanto isso é importante.
Mas estar aqui e poder contribuir com o desenvolvimento da nossa especialidade é apaixonante.
UV: Assumindo a presidência em janeiro de 2022, você continuará clinicando e atendendo seus pacientes?
Caixeta: Ser um oftalmologista e estar no consultório para sofrer as dores do dia-a-dia me ajuda a pensar como gestor dentro do CBO. Engana-se quem pensa que a diretoria não atua junto aos pacientes.
UV: E quais são os maiores desafios do CBO neste momento?
Caixeta: Se formos falar dos principais desafios, temos que citar a saúde suplementar, até pela modificação que a área da Medicina está vivendo; a atuação do não médico na área médica como a questão dos optometristas e dos dentistas atuando na área da plástica ocular entre outros.
Faz parte do DNA do CBO, investir em educação e saúde suplementar. Então se você me pergunta quais sãos os desafios, acredito que sejam os mesmos de anos atrás. Precisamos de mais regulamentação. Ainda mais agora, com a velocidade com que as coisas acontecem. Para isso precisamos de pluralidade de opiniões e de ações que não existiam há alguns anos.
UV: Qual a atuação do CBO com a população brasileira?
Caixeta: Na história do CBO há grandes campanhas nacionais, como a de refração infantil, mutirões de catarata, entre outras. São programas de saúde pública, que acontecem ao longo do ano.
Estou no CBO há seis anos, e nesse período já conheci nove Ministros da Saúde, então quando se fala em implementar projetos, programas ou políticas de saúde é fundamental que haja constância. Estamos com um projeto dentro do ministério que está caminhando, mas não na velocidade que gostaríamos. É um projeto para que os oftalmologistas consigam atuar, caso queiram, dentro do Sistema Único de Saúde de uma forma mais digna do que se tem hoje.
UV: Para encerrar, pensando em daqui a dois anos, como você gostaria de ser lembrado? Qual a mensagem que você quer deixar durante sua gestão?
Caixeta: Eu acho que todo presidente do CBO que ser lembrado por alguém que realmente buscou trabalhar pela classe, que esteve sempre atento eaberto a escutar e a dialogar, sempre propondo as melhores possibilidades para a Oftalmologia Brasileira. Eu vou continuar trabalhando para que nossa especialidade seja ainda mais unida, e que ocupe cada vez mais espaço de relevância dentro da situação nacional e dentro do cenário internacional.
Então se eu conseguir terminar minha gestão onde os colegas reconheçam em mim alguém que pôde e buscou fazer algo pela oftalmologia de forma clara, transparente e com muita responsabilidade, eu acho que os objetivos foram alcançados. Sabemos do cenário complexo em que vivemos, precisamos que toda a oftalmologia trabalhe junta.
Confira a diretoria do Biênio 2022/2023
Presidente do CBO: Cristiano Caixeta Umbelino;
Vice-presidente: Carlos Augusto Moreira Júnior;
Secretário-geral: Jorge Carlos Pessoa Rocha;
Tesoureiro: Frederico Valadares de Souza Pena;
Primeira secretária: Wilma Lelis Barbosa;
Conselho Fiscal – Efetivos: Ana Luísa Hofling-Lima, Newton de Andrade Júnior e Ricardo Lima de Almeida Neves.
Conselho Fiscal – Suplentes: Daniel Vitor de Vasconcelos Santos, Francisco Irochima Pinheiro e Juliana Motta Almodin.
Fonte: Revista Universo Visual