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Perda transitória do campo visual e cegueira temporária em um dos olhos; enxergar pontos cintilantes ou ter a visão escurecida; dor de cabeça e enjoo. Esses são alguns dos sintomas da enxaqueca ocular, ou oftálmica, um distúrbio raro que afeta uma em cada 200 pessoas que sofrem de enxaqueca comum. 
Este é um dos temas mais pesquisados por aqueles que acessam o site da Universo Visual. Isso porque, mesmo sendo um problema de origem neurológica, os sintomas visuais fazem com que os pacientes busquem, primeiramente, o oftalmologista em busca de tratamento. Este, por sua vez, deve estar preparado para entender as queixas do paciente e avaliar se os sintomas indicam um quadro de enxaqueca ocular ou de outra doença para, então, definir a melhor abordagem sobre o problema.
Há poucos estudos sobre esta patologia, e mesmo ainda não tendo certeza sobre os fatores que desencadeiam as crises, existem alguns indícios que podem ajudar a prevení-las ou reduzir a sua frequência. Reunimos as principais informações disponíveis a fim de auxiliar o oftalmologista no diagnóstico e indicação do tratamento.
O que é a enxaqueca ocular?
A enxaqueca ocular se caracteriza por uma série de alterações que podem ocorrer em um dos olhos ou nos dois, e os processos que levam ao quadro, acreditam os cientistas, são os mesmos que causam a enxaqueca comum: redução ou espasmos dos vasos sanguíneos causados pela variação dos níveis de serotonina. A diferença é que, na enxaqueca oftálmica, esses vasos estão localizados na retina ou atrás dos olhos. Há, ainda, estudos que apontam mutações genéticas e a falta de magnésio como fatores de risco para o problema.
Existem diversos motivos que podem desencadear as crises, entre eles, jejum por tempo prolongado ou o excesso de frituras, chocolates e outros alimentos gordurosos ou com excesso de açúcar. Outras doenças como alergia e intolerância alimentar podem contribuir para os episódios de enxaqueca. E as mulheres, por conta das variações hormonais durante o ciclo menstrual, gravidez e menopausa, também são mais propensas a sofrerem com o distúrbio.
Fatores como ansiedade, estresse, longa exposição a luzes fortes ou barulhos altos e problemas para dormir também podem dar início a uma crise.
O que acontece durante uma crise
Os principais sintomas que o médico oftalmologista deve observar como indícios de enxaqueca ocular são pontos cegos próximos ao centro ou que se movimentam pelo campo visual (aura) ou, ainda, perda temporária de toda a visão de um dos olhos. Aliás, é importante salientar que se o paciente apresentou um destes sintomas em ambos os olhos ao mesmo tempo, a enxaqueca ocular pode ser descartada e o médico deve investigar que outro problema ou doença pode estar relacionado a essas ocorrências.
As crises também podem ser acompanhadas de uma série de outros sintomas, como:
Dor de cabeça durante ou após (apesar do que muitos podem acreditar, nem sempre o paciente sente dor durante a ocorrência da enxaqueca ocular);
Enjoo;
Queda da pálpebra (ptose);
Estrabismo temporário;
Alteração no tamanho da pupila;
Enxergar pontos luminosos;
Sensibilidade à luz e ao som.
Apesar dos sintomas que preocupam quem vivência um episódio, a enxaqueca ocular não traz maiores danos à saúde do paciente além do mal estar. As crises duram entre 3 a 30 minutos, mesmo sem a utilização de medicamentos, e os sintomas visuais regridem também durante esse tempo. No entanto, é importante que o oftalmologista realize os exames necessários para confirmar o diagnóstico e encaminhe o paciente para o tratamento correto, a fim de aumentar a sua qualidade de vida.
Diagnóstico da enxaqueca ocular
Em alguns casos, os pacientes podem sentir os sintomas da enxaqueca ocular sem sentir dor e, então, buscar primeiramente o oftalmologista por achar que se trata de uma doença ocular. Cabe ao especialista fazer um exame detalhado para chegar ao diagnóstico correto o mais cedo possível.
Ao receber em seu consultório um paciente que, durante a anamnese, queixa-se de alguns dos sintomas mencionados anteriormente, o oftalmologista deve realizar um exame completo da vista: refração, tonometria de aplanação e mapeamentos de retina. Se não houver indícios de nenhuma outra doença ocular como alterações retinianas e glaucoma, o paciente deve ser encaminhado a um neurologista. Nesse ponto, uma nova bateria de exames, incluindo angiografia, ultrassonografia e ressonância magnética, é realizada para confirmar o diagnóstico.
Tratamento multidisciplinar
Para evitar uma nova crise ou amenizar os seus sintomas, o tratamento da enxaqueca ocular inclui os mesmos medicamentos utilizados para outras enxaquecas: aspirinas, antiinflamatórios não hormonais e alguns antidepressivos. O paciente deve ser orientado a ingerir os remédios tão logo a dor comece, pois quanto mais ela se intensificar, maior será a dose necessária para amenizá-la. 
Além do tratamento medicamentoso, o médico deve oferecer orientações a fim de impedir ou diminuir a frequência das crises. Entre eles estão reduzir o consumo de alimentos gordurosos ou ricos em açúcar, não ficar longos períodos sem se alimentar, evitar situações estressantes e dormir bem. 
Apesar do neurologista ser o responsável por diagnosticar e prescrever o tratamento para a enxaqueca ocular, o paciente deve ser orientado a continuar consultando regularmente o neuro-oftalmologista. Ainda existem poucos estudos sobre as origens e consequências desta patologia, logo, o acompanhamento é necessário para garantir a saúde ocular do indivíduo.

Fonte: Revista Universo Visual

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