A microbiota humana, um conjunto de comunidades microbianas que habitam o corpo, é fundamental para a manutenção da saúde. Enquanto a pesquisa frequentemente se concentra na microbiota intestinal, é preciso compreender a de outras partes do organismo para promover a saúde e criar estratégias preventivas e terapêuticas direcionadas.
Para entender a microbiota ocular, pesquisadores do Stephen F. Austin State University, no Texas, se uniram para aplicar técnicas de sequenciamento de última geração e elucidar as diferenças entre a composição microbiana em indivíduos com olhos saudáveis e aqueles que sofrem de síndrome do olho seco. O estudo abre caminho para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes não apenas para condições oculares, mas também para patologias sistêmicas.
No levantamento, foram coletadas amostras oculares de 30 voluntários para análise de sequenciamento de 16S rRNA e bioinformática, visando mapear a distribuição microbiana em olhos saudáveis e em pacientes com olho seco. Os resultados revelaram uma predominância das bactérias Streptococcus e Pedobacter em olhos saudáveis, enquanto uma maior presença de Acinetobacter foi observada em indivíduos com olho seco. Sharma explica:
“Suspeitamos que metabólitos dessas bactérias contribuam para a síndrome do olho seco. Estudos adicionais estão sendo conduzidos para desvendar as vias metabólicas ligadas à Acinetobacter e compreender melhor a patologia”, disse em comunicado à imprensa Pallavi Sharma, doutoranda que apresentou, em março, os resultados do estudo no evento Discover BMB, organizado pela American Society for Biochemistry and Molecular Biology.
Também em comunicado, Alexandra Van Kley, líder do grupo de pesquisa, destacou que “compreender a fundo a microbiota ocular é um passo crucial para o diagnóstico precoce de doenças oculares. Esse conhecimento é também um trampolim para a inovação em terapias que visam tanto a saúde ocular quanto doenças relacionadas ao microbioma central, o intestino”.
Num próximo passo, a equipe pretende investigar o microbioma intestinal de pacientes com olho seco, buscando entender a relação entre as alterações microbianas intestinais e oculares.
Fonte: American Society for Biochemistry and Molecular Biology