Uma equipe de pesquisadores da Universidade Tecnológica de Nanyang, de Singapura, liderada por William Rojas-Carabali, investigaram associações entre a deficiência de vitamina D e o risco de uveíte não infecciosa. Os resultados apontam que os pacientes considerados com baixo índice de vitamina D têm um risco de uveíte não infecciosa mais de duas vezes superior àqueles sem essa deficiência. Caracterizada por sua capacidade de suprimir a inflamação e influenciar a resposta imune, dados anteriores sugeriram que a deficiência de vitamina D poderia estar associada ao aumento do risco de diferentes doenças oculares.
Para este levantamento, os cientistas fizeram uma revisão sistemática e meta-análise de estudos nas bases de dados Embase, PubMed e Lilacs. Para inclusão, os artigos precisavam relatar pacientes com uveíte não infecciosa e dosagem de vitamina D. No total, foram identificados 933 para triagem. Destes, 11 estudos foram incluídos na revisão sistemática e cinco foram meta-analisados.
Os cinco estudos incluídos para meta-análise somavam 6082 indivíduos com uveíte não infecciosa. No total, os investigadores obtiveram dados relacionados a 354 casos e 5728 pacientes controle. Após a avaliação, os resultados indicaram que os pacientes com uveíte não infecciosa apresentaram níveis significativamente menores de 25(OH)D no soro em comparação com os controles (DMP, -0,39; Intervalo de Confiança [IC] de 95%, -0,71 a -0,08; P =.0007).
Ao examinar apenas estudos que mediram os níveis de vitamina D em qualquer momento antes do início da uveíte, os dados indicaram que aqueles que desenvolveram a doença tiveram níveis significativamente reduzidos de vitamina D em relação ao grupo controle (SMD, -0,37; 95% IC, -0,56 a -0,17). Os cientistas observaram achados semelhantes ao limitar a avaliação a estudos que mediram apenas os níveis de vitamina D um ano antes da uveíte (SMD, -0,67; 95% IC,-0,93 a -0,41; I2=0%).
Em uma meta-análise de estudos relatando odds ratios [ORs], os resultados demonstraram que pacientes com uveíte não infecciosa tinham maior probabilidade de níveis baixos de vitamina D 1 ano antes do início da doença (OR, 2,04; 95% IC, 1,55-2,68; P=.00001).
De acordo com os pesquisadores, apesar de os resultados mostrarem que pacientes com hipovitaminose D têm 2,04 vezes mais probabilidade de desenvolver uveíte não infecciosa do que indivíduos com suficiência de vitamina D, “essas conclusões são baseadas em dados limitados de alguns estudos, sugerindo que mais pesquisas neste campo são necessárias. Em investigações futuras, os autores devem padronizar a técnica de medição e os valores de corte da vitamina D sérica para reduzir a heterogeneidade na meta-análise”, concluíram.
Fonte: HCPLive