O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) afirma que não há motivo para pânico no País por conta de informações relacionadas a casos de pacientes nos Estados Unidos que ficaram cegos e contraíram infecção altamente resistente a medicamentos pelo uso de colírio importado da Índia. De acordo com a entidade brasileira, os riscos de surto de infecção como o descrito – pela adoção de um tipo de lubrificante ou outro colírio – é muito raro.
Em nota oficial divulgada, o CBO tranquiliza os que usam colírios, mas alerta para a importância da vigilância e dos cuidados preventivos para evitar transtornos. “Devemos estar sempre atentos ao que ingerimos, pingamos ou passamos em qualquer região do corpo, pois reações alérgicas podem ocorrer. Em caso de algum sinal diferente, procure seu médico para que o problema seja diagnosticado e o tratamento tenha início de forma precoce”, disse a Ana Luisa Höfling-Lima, professora titular da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp) e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Até o momento, sabe-se que o problema relatado nos Estados Unidos é consequência de falhas no local de fabricação do produto, que não havia sido vistoriado previamente pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão americano responsável pela regulamentação de medicamentos, alimentos e cosméticos no País.
Após os relatos dos pacientes, uma inspeção no fabricante encontrou lacunas nas etapas de esterilização do ponto de produção. Quase a metade das 23 amostras testadas apresentava bactérias, sendo que sete delas eram da cepa do surto. Atualmente, o FDA e o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) trabalham para a remoção do colírio contaminado dos pontos de venda.
No Brasil, um dos alertas do CBO para prevenir situações desse tipo se refere à necessidade de o paciente verificar nas embalagens dos medicamentos informações como datas de fabricação e de validade. Na nota, também é ressaltado que o uso deve seguir fielmente as instruções do oftalmologista. Outro ponto importante é na hora da compra evitar a troca do produto recomendado por orientação no balcão da farmácia.
O CBO também pede que seja observado se a embalagem do produto está danificada e se o lacre do frasco está intacto. No momento da aplicação, para evitar o risco de contaminação, a recomendação é não deixar o frasco de colírio em superfícies potencialmente infectadas (pias, mesas de restaurantes, etc.).
Além disso, ao pingar o colírio nos olhos, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia orienta o paciente a não deixar frasco em contato com a pele da pálpebra, os cílios e o globo ocular. No texto, o CBO explica que os colírios valvulados dificultam esse tipo de contaminação, assim como os disponibilizados em flaconetes (dose única). Outro alerta é evitar o compartilhamento de medicamentos, que são de uso pessoal.
O CBO lembra ainda sobre a atenção que deve ser dispensada a sinais e sintomas que podem indicar algum tipo de reação alérgica ou outro efeito adverso, como ardor, lacrimejamento e sensação de corpo estranho no olho, entre outros. O Conselho ressalta que cada tipo de colírio pode causar sintomas variados em indivíduos diferentes, podendo, inclusive, variar de um olho para outro na mesma pessoa.
Finalmente, o CBO alerta os brasileiros a buscarem ajuda. Segundo os especialistas, sentindo desconforto não habitual, o uso do medicamento deve ser suspenso e o médico responsável pela prescrição contatado para que possa avaliar a situação, tirando as dúvidas do paciente.