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Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, a toxoplasmose é uma infecção que afeta vários órgãos, além de provocar problemas oculares graves, como a uveíte – inflamação intraocular. Essa inflamação pode levar à formação de cicatrizes e comprometer a visão de forma permanente.
A forma como os parasitas da toxoplasmose se espalham pela retina e causam essa lesão ocular era pouco conhecida pela comunidade científica. Mas após observar 263 pacientes brasileiros, pesquisadores da USP identificaram que a maioria das pessoas apresentava lesões consideradas “típicas”, com a hiperpigmentação causada pelo parasita. Já nas análises laboratoriais, feitas pelos pesquisadores da Universidade Flinders, na Austrália, foram esclarecidos alguns aspectos da resposta das células retinianas infectadas pelo toxoplasma.
Segundo a professora Justine Smith, da Universidade Flinders, a pesquisa demonstra como as células da retina respondem a uma infecção por toxoplasma e ajudam a espalhar parasitas pela retina. “Em um dos maiores grupos de pessoas com toxoplasmose ocular estudados até o momento, vemos que a infecção causa uma lesão típica em mais de 90% dos olhos infectados”, diz Justine.
“As células retinianas infectadas pressionam as células retinianas vizinhas e não infectadas a crescerem demais e esse processo cria uma lesão distinta que, inclusive, contribui para o diagnóstico”, explica o professor João Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Células mais suscetíveis à infecção 
A pesquisa mostra que as células do epitélio pigmentado da retina (que atuam como barreira a infecções do olho), quando infectadas com T. gondii secretam as proteínas VEGF e IGF1 e reduzem a produção da glicoproteína TSP1; isso promove a proliferação de células não infectadas e, como resultado, torna essas células mais suscetíveis à infecção.
O professor Furtado diz que a manipulação de proteínas no olho pode ter aplicações terapêuticas para limitar a gravidade da doença. “Não há cura para a toxoplasmose, que geralmente é transmitida pela ingestão de alimentos contaminados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas de segurança alimentar que incluem lavagem das mãos, uso de água limpa na preparação de alimentos e cozimento adequado”, aconselha Furtado.
O estudo Base Molecular das Alterações Epiteliais dos Pigmentos Retinianos que Caracterizam a Lesão Ocular na Toxoplasmose foi publicado no último dia 29 de setembro, na Revista Microorganisms. Também participaram do estudo Shervi Lie e Liam M. Ashander, da Universidade de Flinders, e Bárbara R. Vieira, Sigrid Arruda e Milena Simões, da FMRP. 
Rosemeire Talamone (com informações de Yaz Dedovic, do Escritório de Comunicação e Engajamento da Universidade de Flinders)

Fonte: Jornal USP

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