Mais de 40% dos brasileiros acreditam na cura do glaucoma, aponta a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) em parceria com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG). Importante mapeamento acerca do conhecimento e dos hábitos da população acerca do glaucoma, o estudo foi publicado pela Revista Brasileira de Oftalmologia (RBO), da SBO. Alarmante, esse dado demonstra um desconhecimento que pode ter grande impacto social, já que se trata da principal causa de cegueira evitável no mundo.
“Quando identificado a tempo, o glaucoma pode ser controlado com colírios, laser ou cirurgia, preservando a visão do paciente. Por isso, insistimos tanto para que o brasileiro procure o oftalmologista periodicamente, mesmo sem sintomas. Prevenir é sempre mais eficaz, mais simples e menos oneroso do que tratar a cegueira instalada”, pontua o presidente da SBO, Oswaldo Ferreira Moura Brasil.
Segundo Ricardo Paletta Guedes, diretor de publicações da SBO e um dos autores do trabalho, ações contínuas de educação da população sobre as principais causas de cegueira, além da educação formal, podem ter efeito direto na conscientização. “A falta de conhecimento do glaucoma pode prejudicar a prevenção da cegueira. O conhecimento adequado direciona para ações efetivas de tratamento e prevenção por parte dos portadores e dos familiares, mas também da população geral”, afirma.
Para Emílio Suzuki, diretor de relações institucionais da SBO e presidente da SBG, esse desconhecimento pode levar as pessoas a tratamentos sem evidência científica, e, por consequência, ao agravamento da doença. “O glaucoma depende muito da participação do paciente junto ao tratamento”, assinala, destacando o papel do médico na conscientização.
“Essa pesquisa nos mostra que temos que nos aproximar da população. A gente, às vezes, sai da formação com muito conhecimento teórico e técnico, mas sem saber dos vazios existenciais, que pode ser a comunicação. Quanto mais alerta a população estiver, mais vai exigir condições melhores de tratamento”, acrescenta.
A pesquisa ouviu, por telefone, 1.104 pessoas, de 18 a 90 anos, de todas as regiões do país, entre os dias 5 e 17 de abril de 2024. Além dos médicos oftalmologistas Ricardo Augusto Paletta Guedes e Emílio Rintaro Suzuki Júnior, o trabalho é assinado pela médica oftalmologista Ana Flávia Lacerda Belfort, conselheira da SBG e coordenadora da Unidade de Glaucoma da Clínica de Olhos da Santa Casa de Belo Horizonte, e pelo professor Alfredo Chaoubah, do Departamento de Estatística e do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Juiz de Fora.



