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Como já identificado em outros trabalhos, alguns pacientes com coronavírus tiveram conjuntivite como sintoma inicial. Foram relatados vários casos de infecção em médicos, incluindo oftalmologistas, presumindo-se por contato próximo com pacientes infectados. Os casos em trabalhos que avaliaram a transmissão potencial pela conjuntiva foram de adultos e pouco se falou sobre as manifestações oculares em crianças.
Estudo em crianças com Covid-19
Foi publicado há uma semana na revista JAMA Ophthalmology um estudo retrospectivo mostrando as características clínicas e manifestações oculares de crianças com Covid-19 no hospital infantil de Wuhan. 216 crianças com Covid-19 confirmadas por PCR entre janeiro e março de 2020 foram incluídas, sendo que 49 (22.7%) tiveram sintomas oculares. Dois desses pacientes tinham conjuntivite alérgica antes da infecção por Covid-19. Os sintomas iniciais foram predominantemente febre (37.5%), tosse (36,6%), diarreia (5,1%), fadiga (4,6%), descarga nasal (3,2%), congestão conjuntival (9 crianças, 1,9%).
Todos os pacientes se recuperaram sem maiores complicações. Os sintomas oculares foram descarga conjuntival (em 27 pacientes), incluindo 9 com secreção mucoide, 7 com secreção aquosa e 11 com secreção purulenta, congestão conjuntival (em 5 pacientes), prurido ocular (em 19), dor ocular (em 4), lacrimejamento (em 2) e edema palpebral (em 4).
O manejo foi de observação sem tratamento em 23 pacientes e colírios antibióticos, antivirais e antialérgicos nos demais. Com exceção de 8 crianças que mantiveram o prurido ocular, as outras 41 se recuperaram completamente. A média de duração dos sintomas oculares foi 7 (3-10) dias.
O artigo sugere que a maior incidência de secreção conjuntival em pacientes pediátricos possa ser atribuída ao maior contato mão-olho em crianças. É sabido que a congestão conjuntival e a secreção são sintomas comuns de conjuntivite, sendo vistas também na síndrome febril em crianças. Ainda não existe tratamento específico para desordens oculares associadas a Covid-19, mas como mostrado nesse estudo a grande maioria se recupera rapidamente, sem tratamento e sem complicações.
Limitação
O estudo tem como limitação não ter conseguido a evidência do patógeno da desordem ocular (não foi feito swab conjuntival por falta de consentimento). Além disso a descrição dos sintomas pode ser subjetiva, principalmente em crianças muito pequenas, que não conseguem expressar ou descrever o desconforto. Apesar disso, torna-se importante clinicamente analisar as manifestações oculares em crianças com diagnóstico de Covid-19.

Fonte: PebMed

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