Celebrado em 21/3, o Dia Internacional da Síndrome de Down tem como objetivo conscientizar sobre a importância da luta pelos direitos igualitários, bem-estar e a inclusão dessas pessoas na sociedade. A síndrome é causada pela trissomia do cromossomo 21 – uma alteração genética produzida pela presença de um cromossomo a mais, o quer dizer que essas pessoas têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem cerca de 300 mil pessoas com essas condições. “Indivíduos com essa condição genética tem características específicas como o epicanto (uma prega de pele da pálpebra superior) e a fissura palpebral oblíqua (que torna os olhos puxadinhos). Além disso, os problemas de visão tendem a acontecer com mais frequência e, às vezes, de uma forma mais acentuada. Por essa razão, é aconselhável que todas as crianças com síndrome de Down façam exames de rotina com maior frequência”, explica o oftalmologista Natanael de Abreu Sousa, especialista em Estrabismo e Neuroftalmologia do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), empresa do Grupo Opty no Distrito Federal.
Entre as disfunções oculares mais comuns que ocorrem em pessoas com síndrome de down estão os erros de refração (hipermetropia, astigmatismo e miopia), blefarite (inflamação nas margens das pálpebras), lacrimejamento (em razão da obstrução do canal lacrimal ou pelo mal posicionamento dos cílios); nistagmo (movimentos involuntários e repetitivos dos olhos que podem resultar em redução da acuidade visual), anomalias de íris (manchas de Brushfield) e estrabismo (quando os olhos apontam para direções diferentes, de vez em quando ou constantemente). “Apesar de afetar cerca de 20% das crianças com síndrome de down, geralmente o estrabismo é mais difícil de reconhecer por causa da aparência distinta das pálpebras”, afirma o dr. Natanael.
Mais comum em pessoas idosas, a catarata também é um quadro que pode se desenvolver precocemente nas pessoas que apresentam a alteração no cromossomo 21. De acordo com o oftalmologista, o Teste do Olhinho, feito nos recém-nascidos, pode detectar, entre outros problemas que podem acarretar perda da visão, a catarata congênita. “Alguns bebês podem até mesmo perder a visão do olho atingido caso o problema não for identificado desde o início e submetido à cirurgia”, afirma o especialista. “Quanto mais cedo a criança com síndrome de down iniciar as consultas ao oftalmologista, melhor, já que a visão tem influência direta na aprendizagem e desenvolvimento neuropsicomotor”, ressalta o especialista.
Cerca de 40% das crianças com Síndrome de Down em idade pré-escolar têm hipermetropia, que pode estar associada a um estrabismo convergente; 14% são míopes, conseguem ver objetos próximos, mas têm problemas para ver à distância; e 30% têm astigmatismo, quando a imagem vista é distorcida porque fica mais fora de foco em uma direção do que na outra. O médico observa que, independentemente de terem problemas de refração, muitas crianças com síndrome de Down têm dificuldade em focalizar objetos próximos e precisam usar óculos com mais frequência que o restante da população. “A maioria das condições são tratáveis, seja por uso de óculos, tratamentos médicos específicos ou intervenção cirúrgica. No entanto, o diagnóstico precoce melhora o prognóstico das doenças. Por isso, é preciso reforçar que a primeira consulta oftalmológica deve se realizar o quanto antes, durante os três primeiros meses de vida, se repetir aos seis e 12 meses e anualmente daí para frente”, finaliza o Dr. Natanael Sousa.
Fonte: Grupo Opty