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Uma nova análise publicada no British Journal of Ophthalmology revela que quase uma em cada três crianças e adolescentes em todo o mundo deverá ser afetada pela miopia até 2050, totalizando mais de 740 milhões de casos. Essa tendência reflete um aumento significativo em relação a 36% entre 2020-2023, comparado a 24% entre 1990-2000.

Fatores que influenciam a prevalência da miopia
Os principais fatores que influenciam a prevalência de miopia incluem sexo feminino, residência em áreas urbanas ou no Leste Asiático e níveis educacionais mais altos. O estudo constatou que o Leste Asiático, especialmente o Japão, apresentou a maior prevalência, enquanto o Paraguai teve a menor. Países com populações urbanas significativas, como o Japão e partes do Sudeste Asiático, relataram uma taxa de prevalência consideravelmente maior.
A miopia, ou dificuldade para enxergar de longe, geralmente começa na infância e piora com a idade. Os principais fatores de risco são idade gestacional baixa e peso ao nascer, mas fatores ambientais, como menos tempo ao ar livre e aumento do tempo de tela, também desempenham um papel. O estudo aponta que as mulheres tendem a apresentar taxas mais altas devido a fatores como puberdade precoce, menor atividade ao ar livre e maior envolvimento em tarefas de curta distância.

Risco crescente e tendências futuras
De acordo com a análise, a prevalência global de miopia deve aumentar para 40% até 2050, em comparação com 600 milhões de casos em 2030. A prevalência está projetada para ser maior entre meninas em comparação com meninos e será notavelmente mais alta em países de baixa e média renda em relação a nações de alta renda. A pandemia de COVID-19 também pode ter acelerado essas tendências, potencialmente piorando a deterioração da visão devido ao aumento de atividades internas e tempo de tela durante os lockdowns.
As taxas de miopia devem ser particularmente altas entre crianças mais velhas e adolescentes. Por exemplo, as taxas projetadas para adolescentes de 13 a 19 anos são de 43% em 2030 e 52,5% em 2050, em comparação com 21% e 27,5%, respectivamente, entre crianças mais novas.

Razões por trás das disparidades geográficas
Os pesquisadores sugerem que o rápido desenvolvimento econômico e a educação formal precoce no Leste e Sul da Ásia podem ser fatores que contribuem para essas disparidades, já que essas regiões também apresentam um aumento significativo na prevalência de miopia. Em contraste, as populações africanas tendem a mostrar uma menor prevalência, possivelmente devido a taxas de alfabetização mais baixas e início tardio na educação formal.
“Evidências emergentes sugerem uma associação potencial entre a pandemia e a aceleração da deterioração da visão entre jovens adultos”, observaram os pesquisadores. Isso destaca o papel dos fatores ambientais na exacerbação dos riscos de miopia.

Recomendações e reconhecimentos
O estudo também defende o aumento da atividade física e a redução do tempo de tela para crianças e adolescentes como medidas para combater as crescentes taxas de miopia. Os pesquisadores reconheceram certas limitações, como a qualidade variável dos estudos e as diferenças na avaliação da miopia. Apesar desses desafios, eles enfatizam que suas estimativas estão próximas dos números reais e instam o reconhecimento da miopia como um futuro fardo global para a saúde.
“Apesar dessas limitações conhecidas, dado o grande tamanho da amostra incluída, nossas estimativas da prevalência de miopia são consideradas próximas ao número exato”, escreveram. Eles acrescentaram: “É crucial reconhecer que a miopia pode se tornar um fardo global para a saúde no futuro”.

Referências:

  • British Journal of Ophthalmology. “Global prevalence of short-sightedness in children and teens set to top 740 million cases by 2050.”
  • National Center for Biotechnology Information (NCBI). “The role of environmental factors in the development of myopia.”
  • World Health Organization (WHO). “Myopia – A growing global concern.”
  • The Impact of the COVID-19 Pandemic on Children’s Vision.
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