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Não há dúvidas de que praticar atividades físicas ou esportes trazem importantes benefícios à saúde. O que muitas pessoas não se atentam é que há determinadas práticas esportivas que requerem uso de equipamentos de proteção para evitar, por exemplo, traumas oculares.  Para alertar a população sobre isso, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia lançou, em fevereiro, a campanha Visão no Esporte, que tem como objetivo sensibilizar gestores, atletas e o grande público em torno dos cuidados com a saúde ocular na prática esportiva, tanto em competições de alta performance quanto em grupos amadores.

E os traumas oculares que acontecem com a prática de esportes realmente merece atenção. Um estudo publicado pelo Hospital de Olhos de Helsinky, na Finlândia, que coletou dados a partir de questionários de pacientes e registros hospitalares, mostra que 12,9% das lesões oculares estavam vinculadas ao esporte. Dessas, 32% estavam relacionadas ao floorball (tipo de hóquei), além de futebol, tênis e o hóquei no gelo. “Esses esportes são causadores de lesões oculares mais comuns”, aponta Pedro Antonio Nogueira Filho, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urgências, Emergências e Trauma Ocular (Sobreto) e chefe do pronto socorro do H. Olhos.

O estudo teve como objetivo representar a epidemiologia, resultados e recomendações de uso de óculos de proteção em lesões oculares relacionadas ao tipo de esporte. “A contusão foi o diagnóstico primário em 77% dos casos e 41% dos pacientes com contusão apresentaram achados graves, principalmente na retina. Do total dos acometidos pelo trauma ocular, estima-se que 108 pacientes precisem de acompanhamento por toda a vida enquanto 17 pacientes tiveram comprometimento funcional permanente”, comenta Nogueira Filho.

O médico oftalmologista fala sobre outra publicação, feita a partir de uma pesquisa, realizada para determinar o espectro de lesões esportivas oculares que se apresentaram no departamento de emergência de um hospital oftalmológico em Londres, na Inglaterra. O levantamento identificou todos os pacientes atendidos no pronto-socorro com lesões oculares com o papel de evidenciar a importância da proteção na prevenção de lesões esportivas oculares. Dos pacientes que apresentaram lesões oculares relacionadas ao esporte nenhum usava proteção para os olhos ou havia recebido conselhos sobre a prevenção de lesões futuras.

“De forma geral, o trauma se dá ou pelo impacto direto sobre os olhos e é causado por um objeto como as bolas de tênis, beach tennis, bad mington, golfe, que acabam se encaixando de forma proporcional às dimensões da órbita, com prognóstico de gravidade e sequelas permanentes. Assim como o trauma provocado nos esportes coletivos pelo contato direto entre seus participantes, como futebol, vôlei e basquete”, comenta Nogueira Filho. “A dimensão e os cuidados na rotina dos esportes é bem ampla e deve contemplar desde as lutas, como o boxe, até o ciclismo, skate, patinação, natação e automobilismo”, ressalta.

O médico diz que a imensa maioria dos traumas acontece porque o esportista não faz uso de um equipamento de proteção individual (EPI) adequado para a prática segura do esporte e que permita proteção aos olhos. “Aqui vale destaque para os óculos, hoje produzidos com as especificações proporcionais à prática de cada uma das atividades já citadas, são seguros, resistentes e definindo proteção adequada”, ressalta.

Quanto ao trauma, Nogueira Filho diz que pode variar desde ferimentos palpebrais e fraturas orbitárias até aquelas mais frequentes, como a abrasão corneana e os transtornos da retina desde o comotio retinae, hemorragias retinianas e vítreas até os descolamentos do vítreo posterior e, finalmente, os descolamentos da retina.

“O atleta, seja ele amador ou profissional, deve prezar por um equipamento de proteção que tenha origem reconhecida e com certificados de qualidade e garantia. Mas a segurança na prática esportiva não se resume apenas ao uso de uma proteção. É necessário que haja, além de orientação, um acompanhamento médico adequado e que garanta o funcionamento cardiorrespiratório, muscular, ortopédico e oftalmológico de forma segura para a realização da prática esportiva”, finaliza.

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