Tempo de leitura: 2 minutos

Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) apontam que boa parte da população brasileira não costuma ir ao oftalmologista uma vez por ano – o que é indicado pelos especialistas, o que contribui para o número de pessoas que sofrem perda visual e que têm doenças, como o glaucoma, e não são diagnosticadas.

Para ilustrar essa situação, no ano passado foram realizadas cerca de 11 milhões de consultas oftalmológicas no Sistema Único de Saúde (SUS). Levando-se em conta que o SUS atende 76% dos brasileiros – cerca de 163 milhões de pessoas (os outros 24% se referem a atendimento via plano de saúde), o percentual de quem visita o oftalmologista uma vez por ano fica em torno de 6,7%.

E essa preocupação não é só no Brasil. De acordo com levantamento da Universidade de Gotemburgo (Suécia) publicado na revista Acta Ophtalmologica, em um grupo de pacientes com glaucoma, 56% não sabiam que estavam ficando cegos.  Isso acontece porque o glaucoma é uma doença silenciosa que começa na periferia visual e, na maioria das vezes, não apresenta sintomas e o paciente não percebe que está perdendo a visão. “Quando se dá conta, até 60% do nervo ótico já foi destruído”, diz Roberto Galvão Filho, presidente da SBG. A entidade estima que 70% dos 2,5 milhões de brasileiros que vivem com a doença desconhecem essa condição.

Essas informações valem de alerta visto que há no mundo aproximadamente 3,6 milhões de cegos e 4,1 milhões de pessoas com deficiência visual de moderada a grave devido ao glaucoma, segundo a SBG. Em 2040, estima-se que o número de pacientes com glaucoma atinja a marca de 114 milhões.

Apesar de o glaucoma não ter cura, o diagnóstico precoce permite reter o avanço da doença. Por isso a conscientização é fundamental para que as pessoas frequentem anualmente o oftalmologista já que, durante a consulta, o profissional fará a medição da pressão intraocular (PIO).

Outro ponto de atenção é que muitos acreditam que o glaucoma atinge apenas pessoas de mais idade. Porém, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), há no mundo 75 mil crianças cegas em decorrência da doença. “Os pais precisam ficar atentos a sintomas como o aumento de tamanho do olho dos bebês, a opacidade da córnea e ao lacrimejamento e à sensibilidade à luz (fotofobia) nos pequenos”, explica Galvão Filho.

O impacto econômico da doença
De acordo com o presidente da SBG, no Brasil não há informações sobre o impacto econômico relacionado à doença. Porém, levantamentos feitos nos Estados Unidos mostram que US$ 2,5 bilhões do orçamento de saúde são destinados ao tratamento do glaucoma, incluindo US$ 1,9 bilhão associado a despesas médicas diretas.

A SBG informa que em casos graves, os custos diretos anuais médios são quatro vezes maiores do que os de pessoas com pressão intraocular elevada ou nos estágios iniciais do glaucoma. E os custos podem ir além do tratamento direto. Um estudo elaborado por pesquisadores da Escola de Medicina da Washington University revela que pessoas com glaucoma têm três vezes mais chances de sofrer uma queda. Ou seja, o diagnóstico precoce é o melhor caminho.

Campanha
Para alertar a sociedade como um todo, a SBG lançou uma campanha para mostrar o efeito da doença na visão: com um filme de 30 segundos, que será exibido em mais de cem cidades de todo o país, incluindo 58 salas de cinema premium, a entidade retrata a progressão da doença e como ela pode levar à cegueira irreversível se não for diagnosticada e tratada em tempo.

Compartilhe esse post