Os primeiros sinais de glaucoma podem variar desde a pressão ocular até alterações na aparência do nervo óptico, e a doença pode progredir por anos sem ser detectada, causando perda irreversível da visão. Especialistas apontam que são necessários mais estudos para entender os processos complexos que sustentam como o glaucoma se desenvolve e progride.
Embora mais de 120 fatores genéticos tenham sido associados à doença, esses genes respondem por menos de 10% dos casos. Por isso, cientistas estão explorando outras maneiras de prever o glaucoma, incluindo o estudo de metabólitos, pequenas moléculas produzidas pelo metabolismo.
Os pesquisadores já usam metabólitos como biomarcadores ou indicadores para ajudar a diagnosticar ou avaliar o risco de doenças. Por meio do exame painel sanguíneo metabólico abrangente, os médicos medem os níveis de metabólitos circulantes no sangue – açúcares como glicose, minerais como cálcio e proteínas como creatinina.
Recentemente, estudiosos financiados pelo National Eye Institute, liderados por Louis Pasquale, da Icahn School of Medicine at Mount Sinai (Nova York), em colaboração com Jae Hee Kang, do Brigham and Women’s Hospital (Boston), avaliaram a relação de 369 metabólitos sanguíneos com o glaucoma.
A equipe examinou o sangue que havia sido armazenado congelado de dois estudos de longo prazo com profissionais de saúde: o Nurses’ Health Studies e o Health Professionals’ Follow-Up Study. Os cientistas compararam cerca de 600 participantes que desenvolveram glaucoma após a inscrição no estudo com um grupo de participantes semelhantes que não desenvolveram a doença.
Os pesquisadores encontraram uma associação entre o glaucoma e duas classes de lipídios: triglicerídeos e diglicerídeos. Pacientes com essas duas classes elevadas apresentaram maior probabilidade de desenvolver glaucoma, e a associação foi mais forte em um subtipo que causa perda precoce da visão central. Eles confirmaram suas descobertas em uma análise transversal de dados do UK Biobank.
Altos níveis de triglicerídeos têm sido associados a uma variedade de problemas de saúde e uma das formas de controlá-los é por meio de estatinas. A equipe comenta que embora os estudos que analisaram o uso de estatinas e o risco de glaucoma tenham mostrado resultados mistos, subtipos específicos de glaucoma podem ser controlados com estatinas. Eles ressaltam, porém, que é necessária uma investigação mais aprofundada para saber se as drogas existentes podem prevenir o glaucoma.
Fonte: National Eye Institute