Dia 26 de maio é dedicado ao combate ao glaucoma. A data tem o propósito de alertar e conscientizar mundialmente a população sobre essa doença que é considerada a maior causa de cegueira permanente no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os números são superlativos: o problema abrange cerca de 65 milhões de pessoas no mundo, sendo responsável por 4,5 milhões de ocorrências de perda total de visão, segundo dados da Associação Mundial do Glaucoma.
O glaucoma é uma doença degenerativa que afeta o nervo óptico capaz de causar cegueira, se não for tratada a tempo. “Trata-se da principal causa de cegueira irreversível no mundo. Por se desenvolver, na maioria das vezes, de forma lenta e silenciosa, a importância em tornar a visita ao oftalmologista uma rotina para obter um diagnóstico precoce é ainda maior”, afirma André Soares, oftalmologista do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, em Santa Catarina, especialista em glaucoma e glaucoma congênito pela UNIFESP/SP.
A doença tem como principal fator de risco o aumento da pressão intraocular (dentro dos olhos), mas não é a única causa. “É importante esclarecer que o termo glaucoma não é sinônimo de pressão ocular, ou seja, a doença pode ocorrer mesmo com níveis normais de pressão. Outros fatores importantes são: idade avançada, história familiar de glaucoma, miopia elevada e diabetes”, comenta o especialista.
“Deve-se sempre primar por hábitos de vida saudáveis e atentar para o uso indiscriminado de colírios compostos por corticoides, facilmente adquiridos nas farmácias do Brasil, e que podem causar glaucoma de difícil controle”, alerta o oftalmologista. No Brasil, de acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o glaucoma atinge de 2% a 3% dos indivíduos acima de 40 anos, o que corresponde a aproximadamente 1 milhão de pessoas. A estimativa é de um crescimento de 50% nos próximos 5 anos.
“Sem dúvida a mudança na pirâmide etária, com o envelhecimento da população, favorecerá o aumento não somente do glaucoma, mas também de doenças como o diabetes, que impactam de forma semelhante na visão e qualidade de vida do paciente. Por outro lado, os avanços científicos e tecnológicos caminham em uma velocidade cada vez maior, e a cada ano novas modalidades terapêuticas surgem com o intuito de ao menos evitar o aparecimento dos sintomas ou a progressão da doença”, diz Soares.
Tipos de glaucoma
O Glaucoma Primário de Ângulo Aberto é o principal tipo de glaucoma no Brasil e se caracteriza por ter uma evolução lenta e progressiva, sendo assintomática frequentemente. De forma semelhante, embora mais raro, o Glaucoma de Pressão Normal também é assintomático e pode estar presente em pacientes portadores de doenças cardiovasculares. Já o Glaucoma de Ângulo Fechado pode causar dor ocular de forte intensidade e perda visual rápida, caso não seja instituído tratamento adequado em tempo hábil. Por fim, o glaucoma pode ocorrer secundariamente a: traumatismos oculares, uso de medicações, lesões na retina causadas por complicações do diabetes, inflamação ou tumor.
O principal tipo de glaucoma no Brasil é assintomático, sem sinais para o paciente nos seus estágios iniciais. A pressão ocular elevada vai lentamente danificando o principal nervo da visão, levando a uma perda imperceptível da periferia do campo visual. Quando não tratada, a doença avança e os defeitos de campo visual se estendem para o centro da visão, configurando a cegueira. Em jovens, o glaucoma tende a apresentar pressões mais elevadas, justificando alguns sintomas como dores de cabeça e a percepção de halos coloridos ao redor de focos luminosos.
Também na infância
O glaucoma é um dos principais motivos da cegueira na infância, ocorrendo em 20% dos casos. O diagnóstico do glaucoma infantil deve ser suspeitado pelo pediatra ainda na maternidade, logo após o bebê nascer, por meio do simples Teste do Olhinho. “Diferentemente do adulto, o recém-nascido com glaucoma apresenta muitos sintomas, como lacrimejamento, aversão à luz, aumento do tamanho do globo ocular, além da perda do brilho natural dos olhos. Esses sintomas podem surgir mais comumente em qualquer momento durante o primeiro ano de vida”, alerta o oftalmologista.
Tratamento
Soares explica que, embora não tenha cura, o glaucoma, na maioria dos casos, pode ser controlado com tratamento adequado e contínuo, fazendo com que a perda da visão seja interrompida. Em adultos, o tratamento é realizado inicialmente com colírios aplicados uma ou duas vezes ao dia. “O laser poderá ser indicado em algumas ocasiões, a depender do tipo e do estágio da doença. Na falta de sucesso com o tratamento clínico, a cirurgia é indicada e não tem como objetivo a cura do glaucoma, mas, sim, o seu controle por meio da normalização da pressão ocular”, afirma. No glaucoma congênito o tratamento é essencialmente cirúrgico, porém colírios também podem ser utilizados nos pacientes que apresentam a doença desde o nascimento.
O Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem (SC) promove periodicamente ações de conscientização da população sobre a importância de consultas regulares com oftalmologista, além de campanhas gratuitas de triagem de suspeita de glaucoma para a comunidade mais carente.
Fique atento: quem está no grupo de risco
Pessoas com mais de 40 anos
Com alto grau de miopia
Que têm diabetes, hipertensão arterial e/ou doenças cardíacas
Com histórico de glaucoma na família
Que sofreram lesões físicas nos olhos
Que fazem uso prolongado de medicamentos com corticoide
Fonte: Universo Visual