Tempo de leitura: 2 minutos
O Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) divulgou a retomada do serviço de captação nos hospitais da cidade na terça-feira (22). A unidade está com o estoque zerado desde agosto.
No estado de São Paulo, os protocolos para captação de órgãos e tecidos estavam restringidos desde o dia 23 de março. Como resultado, o número de doações caiu para perto de zero. No caso de doação de córneas, é preciso que o doador tenha a morte cerebral constatada.
No entanto, para o Sistema Estadual de Transplantes, com maior conhecimento sobre o coronavírus e suas formas de transmissão, é possível retomar o trabalho seguindo alguns protocolos de segurança.
A Secretaria de Saúde informou que os doadores devem ser selecionados com base no histórico clínico para identificar e afastar possíveis causas que possam comprometer a segurança do paciente que receberá o transplante.
Com isso, a estimativa do BOS é que a situação comece a se normalizar em um período de seis a oito meses até atingir 50% da capacidade antes da pandemia.
Estoque zerado
m agosto, o estoque do BOS, que é referência nacional no transplante de córneas, estava zerado. A fila de espera, que era de três meses, saltou para três anos. Atualmente, há mais de três mil pessoas aguardando.
Essa foi a primeira vez que o hospital ficou com os estoques zerados em 40 anos de atividade. Antes da pandemia, eram captadas 930 córneas por mês. Depois, esse número diminuiu para seis. Os tecidos que eram captados passaram a ser usados somente para procedimentos de emergência.
Consequências da espera
O coordenador técnico do banco, Hudson Vergennes, explica que a demora no transplante pode acarretar um agravamento no quadro de saúde e na necessidade de procedimentos cirúrgicos mais complexos, com maiores chances de insucesso.
“Hoje, existem técnicas cirúrgicas que são minimamente invasivas. Por exemplo, pacientes com edema ou inchaço da córnea secundário a uma lesão ou redução das células da sua camada mais interna, que é o endotélio. Com isso, a córnea perde sua transparência e o paciente passa a não enxergar”, explica Vergennes.
Para a médica oftalmologista e coordenadora da área de ensino em oftalmologia do BOS, Adriana Forseno, outro agravante é o aumento dos casos de ansiedade e depressão de pacientes com baixa visão e que estão na fila de espera.
“Antes da pandemia, o paciente inscrito tinha uma estimativa de quanto tempo ele ficaria na fila. Às vezes, dependendo da região, isso levava em torno de três a quatro meses. Agora, a gente não consegue nem passar uma estimativa ao paciente, porque as captações de córneas nem voltaram”, lamenta a oftalmologista.

Fonte: G1

Compartilhe esse post