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O uso de máscaras tem sido associado a diversas consequências na população geral como maior incidência de acne relacionado ao aumento localizado da temperatura e umidade. Como existe um direcionamento do vapor de ar para cima, para a área periorbital, foi feita a hipótese de que usar a máscara poderia criar um microambiente propício para a inflamação palpebral e contribuir para o desenvolvimento do calázio. 
Estudo sobre calázio e o uso de máscaras
Um estudo foi publicado no American Journal of Ophthalmology Case Reports com o objetivo de determinar se houve um aumento da incidência de calázio após a implementação das máscaras. Nesse estudo retrospectivo foram analisados os dados de duas clínicas de oculoplástica em São Francisco de 2016 a 2020 e de um setor terciário em Los Angeles de 2018 a 2020. Em ambas as instituições a incidência de calázio foi significativamente maior em 2020 se comparada com os outros anos.
Em São Francisco houve lockdown e por isso os dados são entre junho e agosto de 2020, quando 202 dos 1338 pacientes foram atendidos tinham calázio, refletindo uma incidência de 0.151. Durante o mesmo intervalo em 2019, a incidência tinha sido de 0.076 (124 pacientes em 1631). No centro de Los Angeles não houve lockdown e a incidência  de calázio começou a subir logo após a declaração de pandemia. Entre março e maio de 2020, 939 pacientes foram examinados com calázio, com uma incidência de 0.044. No mesmo intervalo em 2019 a incidência foi de 0.027. Entre junho e agosto de 2020 a incidência foi de 0.031 (segundo o artigo poderia ter sido atribuído a uma diminuição no uso das máscaras que ocorreu nesse local após os meses iniciais da pandemia). Nesse intervalo os números de 2019 foram similares com incidência de 0.028.
Os calázios foram observados em gravidades variáveis e tanto na pálpebra superior quanto inferior (medial e temporal). Não houve predileção de local. O estudo mostrou um aumento significativo da incidência de calázio em duas regiões diferentes da Califórnia. A desidratação foi proposta como um mecanismo que poderia afetar a secreção oleosa da glândula aumentando a formação de calázio em trabalhadores da saúde em um outro estudo. Alterações da flora normal palpebral podem ser uma justificativa. A flora normal oral pode ser incorporada aos aerosóis expirados durante o falar, espirrar e tossir levando a maior exposição da pálpebra a essas bactérias.
Considerações
O aumento da incidência de calázio obviamente não se supera ao benefício protetor do uso das máscaras durante a pandemia. Os autores recomendam medidas protetoras para diminuir a formação de calázio como o uso de antisépticos orais contendo peróxido de hidrogênio, álcool ou iodopovidona. Isso reduziria a carga bacteriana e a carga viral de Covid-19. Evitar tocar no rosto, selar bem a máscara superiormente e lavar as mãos frequentemente também são medidas importantes. 
Referências bibliográficas:
Silkiss, Rona Z et al. “Increased incidence of chalazion associated with face mask wear during the COVID-19 pandemic. American journal of ophthalmology case reports vol. 22 (2021): 101032. doi: 10.1016/j.ajoc.2021.101032

Fonte: PebMed

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