A cegueira cortical é uma forma única de deficiência visual que decorre de danos cerebrais e não de problemas relacionados aos olhos. Compreender suas causas, sintomas e tratamentos disponíveis é essencial para melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares.
Em artigo publicado na página do National Institutes of Health, Sujoy Sarkar e Tripatia de Koushik apontam que a cegueira cortical (CB) “é definida como a perda da visão sem causas oftalmológicas e com reflexos luminosos pupilares normais devido a lesões bilaterais do córtex estriado nos lobos occipitais. A cegueira cortical é uma parte da cegueira cerebral, definida como a perda da visão secundária à lesão das vias visuais posteriores aos núcleos geniculados laterais”.
Os autores afirmam que a descrição da CB remonta à era romana, quando o filósofo e político romano Sêneca descreveu um caso de uma escrava que, apesar de sua cegueira, não a aceitava e continuava constantemente discutindo sobre a escuridão do quarto. Em 1895, o neuropsiquiatra austríaco Gabriel Anton descreveu pacientes com lesões bilaterais do lobo occipital que eram completamente cegos, mas desconheciam sua cegueira. Mais tarde, foi descrita como anosognosia (a falta de consciência sobre a perda da visão) pelo neurologista francês Joseph François Babinski.
A doença pode atingir tanto adultos quanto crianças. Nos pequenos, entre as causas mais comuns estão traumatismo cranioencefálico no lobo occipital do cérebro, anormalidades congênitas do lobo occipital e isquemia perinatal. Já em adultos incluem derrame, embolia cardíaca, traumatismo craniano, epilepsia do lobo occipital, hiponatremia, hipoglicemia grave, doença de Creutzfeldt-Jacob e eclampsia, por exemplo. Segundo os autores, raramente a cegueira cortical transitória pode ser causada por endocardite infecciosa ou encefalopatia hipertensiva.
Uma matéria do Ophthalmology Breaking News enumera alguns dos sintomas de cegueira cortical como perda de visão completa ou parcial, déficits de campo visual, falta de consciência sobre a perda de visão (anosognosia), e percepção de profundidade prejudicada.
Para o diagnóstico são necessárias avaliações neurológicas, testes de campo visual e imagens cerebrais. Apesar de não haver cura para a cegueira cortical, tratamentos e abordagens de reabilitação podem ajudar os indivíduos a se adaptarem à sua condição. A matéria traz alguns programas de reabilitação para o tratamento da cegueira cortical:
– Terapia de Restituição: visa ajudar as áreas visuais danificadas do cérebro a recuperar sua função. Envolve exercícios e atividades que incentivam o cérebro a reaprender habilidades visuais perdidas.
– Terapia de Compensação: se concentra em ensinar maneiras alternativas de lidar com a perda de visão. Em vez de tentar restaurar a visão perdida, ajuda os indivíduos a se adaptarem e a usarem outros sentidos de forma eficaz.
– Terapia de substituição: incentiva o uso de sentidos remanescentes, como tato e audição, para substituir a visão perdida, e ajuda os indivíduos a confiar nesses sentidos para várias tarefas.
No artigo publicado no National Institutes of Health, os autores revelam que a educação do paciente é uma parte importante do tratamento e, assim como a reabilitação, não deve ser ignorada. O aconselhamento regular dos pacientes e de seus familiares ajuda a superar esses problemas e a melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus cuidadores. Eles apontam ainda que o tratamento de um paciente com cegueira cortical necessita de uma abordagem interprofissional. Clínicos, neurologistas, oftalmologistas, fisioterapeutas e enfermeiros de AVC fazem parte dessa equipe. “A educação dos profissionais de saúde é de extrema importância, pois esses casos podem ser inicialmente considerados transtorno de conversão ou malingering, causando não só retardo no diagnóstico, mas também danos ao paciente”, concluíram.
Fontes: National Institutes of Health e Ophthalmology Breaking News