O Podcast RX – Por dentro da sua próxima receita médica!, do dia 13 de maio de 2022, teve como convidado Ogari Pacheco, que é médico de formação e fundador do Grupo Cristália, grupo esse 100% nacional e que, em 2015, adquiriu a Latinofarma, também nacional. Quando se fala da nacionalização do grupo, é importante reconhecer também a sua autossuficiência: hoje, ele produz mais de 60% dos princípios ativos que utilizam sem a necessidade de importação.
Sempre focado em oferecer aos médicos o acesso não só aos medicamentos, mas também em treinamento e performance, a empresa investiu nos simuladores, que levam uma metodologia ágil para o treinamento na prática cirúrgica do oftalmologista. Nele, é possível praticar manobras, comparar performance com outras pessoas e, ao longo do tempo, com você mesmo, além de revisitar e aperfeiçoar técnicas. Confira, a seguir, a entrevista que o empresário deu ao oftalmologista Paulo Schor.
Paulo Schor: O Ogari Pacheco é médico, formado pela Universidade de São Paulo (USP) e, após a residência, criou com vários colegas uma clínica de repouso. A partir dessa clínica, que já era uma opção empreendedora do Ogari, ele fundou um laboratório para dar conta dos insumos da clínica. A partir desse laboratório, conseguiu escalar toda a produção e se voltou para o mercado nacional, com ênfase importante em anestesia. Hoje, a Latinofarma, que é o grupo que o Ogari fundou, produz 80% de todos os anestésicos da América Latina. O grupo faturou três bilhões no ano passado e cresceu muito com a demanda na época da Covid-19. No momento, ele está entusiasmado com uma nova molécula que a empresa está desenvolvendo em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e que ele vai falar sobre isso, que é a polilaminina. É um prazer enorme conversar com você, Ogari, você tem muita história para contar, e na área da oftalmologia também.
Ogari Pacheco: Eu que agradeço o convite. Bom, no organismo humano, não só humano, mas mamífero no geral, a laminina é uma proteína presente de forma, digamos, universal, isso se encontra bastante disseminado. Uma pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em seus estudos, acabou descobrindo que quando a laminina é polimerizada, ela passa a adquirir uma propriedade que ela não tem. A laminina é estimuladora do crescimento neuronal, notadamente no axônio, e, fazendo inúmeros testes, verificamos que polilaminina tem a propriedade rara de restaurar tecidos nervosos danificados, ou seja, nos casos de trauma de medula, por exemplo, tem uma utilização adequada. Por que eu digo adequada? Porque isso tem que ser feito dentro de um determinado período pós–trauma e com aplicação de condições corretas. Dessa forma, ela estimula a regeneração dos neurônios danificados do trauma e temos já vários casos demonstrados em camundongos, cachorros, mas mais importante, em humanos, no qual temos diversos casos em que o indivíduo consegue recuperar a sensibilidade e a motricidade, algo até então inédito.
Agora tentamos, por todos os meios, conseguir da Anvisa autorização para o uso compassivo da polilaminina, ou seja, pedimos, insistimos para que nos fosse dada a oportunidade de utilizar o que está previsto em lei, o uso compassivo, que é quando não tem mais nada que possa ser feito. Se houver alguma droga promissora, ainda que não tenha registro, ainda que não tenha outra indicação, que se teste, mas não nos foi dada essa chance. Insistiram para que continuássemos com os testes para termos um conjunto mais robusto de evidências, para podermos registrar o produto, e é o que vamos fazer. Nós demos um passo atrás para tentar dar dois ou três passos à frente. Os estudos pré–clínicos que foram feitos na UFRJ estão sendo refeitos no Einstein, com uma padronização que eu espero ser isenta de críticas a ponto de ser aceita. Mas estou muito confiante nisso, e esses estudos nos levaram a outras explorações, ou seja, abriu-se um caminho que eu não imaginava no início, nem de longe, que é a aplicação em neurologia. Todos os casos em que há uma degeneração neuronal, estamos abrindo várias frentes de trabalho para testar e, se der certo, será uma coisa digna de nota.
Schor: As histórias que você conta são ótimas, fazem com que a gente consiga entender exatamente de onde veio e para onde vai. E em oftalmologia, sabemos que há inúmeras doenças nas quais não conseguimos dar resposta para os pacientes, desde ambliopia, que é o olho preguiçoso, que não conseguiu ter um desenvolvimento da ligação com o cérebro, até as neurites e o próprio glaucoma, que se beneficiariam muito de qualquer droga que pudesse estimular a regeneração neuronal. Não tínhamos nada e verificamos agora um desenvolvimento vindo da genética ou mesmo alguma coisa de estimulação óptica de células em fases bastante precoces, que eu acho que é o que você está falando.
E isso é muito importante para as pessoas entenderem que precisamos atuar na hora certa e aí vai fazer muito sentido existir um monitoramento e uma ferramenta adequados, para que consigamos saber o momento adequado de atuar e, para isso, precisamos ter um segmento do paciente. E isso é muito promissor e muito interessante e é muito gostoso ouvir você falar, Ogari. Conta um pouco para nós sobre a história de como a UFRJ chega com uma descoberta dessas para a indústria. Porque esse é um lugar que eu tenho navegado bastante e os pesquisadores têm curiosidade, têm perguntas sobre pesquisas quase que básicas e puras. E a indústria tem interesses específicos em colocar o produto no mercado. Como é que faz essa ligação?
Pacheco: Só para complementar, no campo da oftalmologia ainda não iniciamos os testes que possam ensejar a utilização da polilaminina e seus derivados. Mas voltando a pergunta que você me fez, acidentalmente eu tomei conhecimento de que existia na UFRJ um grupo que estava trabalhando com o produto nessa direção. Eu achei a oportunidade extraordinária e o procurei, mas o que acontece na universidade é que há uma precariedade geral, seja material, de espaço, equipamento e até mesmo de recursos humanos. Então, quando eu vislumbrei essa possibilidade, eu propus ser o patrono do projeto e acho que eles não estavam muito acostumados com alguém que se dispusesse a apoiá-los irrestritamente. No começo, houve uma certa resistência, tive que vencer vários obstáculos, inclusive, e notadamente, do departamento jurídico. Conclusão da história, acabamos nos tornando patronos do projeto e o expandimos. Começamos a trabalhar com polilaminina e, depois disso, com outras substâncias que estávamos estudando, e já temos resultados preliminares muito promissores em neurologia, desde Alzheimer até ELA (esclerose lateral amiotrófica), que é uma doença que desafia o conhecimento humano desde sempre. Eu acho que talvez tenhamos alguma coisa a oferecer em breve.
Schor: Muito promissor e direcionado. E eu queria pegar um pouquinho por aí também, Ogari. Eu falei há pouco tempo com o Brito Cruz, que foi diretor científico da Fapesp durante algum tempo e está agora na Grã–Bretanha, trabalhando junto com grupos importantes de citometria. E eu lembro de algumas discussões que tivemos, e com certeza você participou de várias delas também pela indústria farmacêutica, sobre o direcionamento de recursos e a priorização de descobertas ou de ligações. No meu entender, isso nunca foi feito de um modo contínuo pelo governo brasileiro, por diversos motivos. Depois, queria também que você comentasse um pouco disso, mas como é que vocês direcionam para onde vocês vão? Porque você falou em relação à coincidência de ter achado o grupo que trabalhava com laminina, mas nitidamente você tem uma predileção por neurônios, você vai bastante atrás de diminuir sensibilidade neuronal com dor. Você agora está pesquisando a polilaminina e tem esses aspectos da neurologia, anestesia e, com certeza, vai ter em psiquiatria. Como que você direciona esforços além do acaso?
Pacheco: Veja bem, vou fazer uma comparação que pode parecer simplória, mas que é elucidativa. Eu comparo isso com subir uma montanha, quanto mais você sobe, mais longe você enxerga. Eu não tinha nenhuma experiência com a neurologia, nenhuma, mas quando este fato se deu, eu fui estudar um pouco e me deparei com inúmeras possibilidades. Nós temos um acervo de conhecimento hoje incomparável com relação ao início e acredito que vamos poder contribuir para o progresso do arsenal terapêutico nessa área. Por outro lado, você não faz ideia da dificuldade que a gente encontra com a legislação, por exemplo, com a Anvisa etc., porque eu estou falando de coisas que parecem fábula, parecem quimeras. Você tem que provar três vezes para valer. No começo, eu fiquei muito irritado e inconformado, hoje eu sigo a regra do jogo; tem que fazer estudo, então vamos fazer estudo.
Schor: Ogari, deixa eu te perguntar uma coisa que eu acho que irá servir para muita gente. Você está tendo que repetir testes pré–clínicos que já foram feitos e você fala muito especificamente que são testes com rigor e, eventualmente, com a demanda da Anvisa. Se o grupo da UFRJ, só para exemplificar, tivesse se aproximado antes, você teria direcionado de um jeito mais curto o trajeto ou você acha que é só uma questão de regulação?
Pacheco: O grupo da UFRJ, antes de nós entrarmos no jogo, tinha conseguido junto à comissão de ética autorização para testes em humanos, porque não tinha alternativa alguma para esse problema. Foram feitos testes, e há vídeos da recuperação de algumas pessoas absolutamente extraordinária. Eu não posso prometer que todo mundo vai voltar a ter toda a habilidade que tinha antes, por exemplo, um esportista com alta performance. Isso é difícil dizer, mas eu vi, eu conheci pessoas que foram traumatizadas, que estavam no leito e hoje estão andando. Eu tentei ampliar quando deram autorização para testar em um determinado número de pacientes, dez pacientes, que é pouco.
O pessoal da UFRJ, na ânsia de testar, escolheu o caso de um indivíduo atingido em uma bala perdida, ou então em um tiroteio, que transfixou a medula, mas também foi para o tórax e raspou no coração, fazendo um ferimento no pericárdio. Eles enxergaram apenas a lesão medular, e fomos tratar, ele começou a melhorar e morreu depois por complicações secundárias. Daí nós perdemos uns três casos e ficou o questionamento: será que ele morreu por causa do tratamento? Eu tenho plena convicção de que o indivíduo traumatizado na coluna, mas cujo projétil tinha comprometido vasos de base, morreu por complicações hemodinâmicas cardiovasculares, só que você tem que provar isso. Então estamos tentando que ampliem a permissão para que se faça um estudo com maior número de casos.
Schor: Perfeita essa explicação, Ogari, eu acho que é fundamental para quem vai ouvir, entender exatamente as etapas que foram percorridas, e que precisam ser percorridas, e um pouco do recado que levamos também em novos desenvolvimentos nessas áreas, que são muito de fronteira, que a gente não consegue determinar o mesmo caminho de áreas mais clássicas, como olho seco, por exemplo, ou infertilidade. E aí queria entrar no assunto um pouco sobre um outro medicamento que vocês lançaram, que é o Helleva, em 2007, que é uma molécula 100% de síntese brasileira e que me parece também ser um exemplo fantástico de como você conseguiu internalizar esse processo. E você bate muito nessa tecla, muito acertadamente, de que precisamos ter insumos nacionais e isso a gente viu nas vacinas e estamos vendo agora em fertilizantes e em várias áreas. Você não quer contar um pouquinho dessa tua obsessão correta desde o início?
Pacheco: No caso do Helleva, vamos dividir em duas partes, a parte técnica, digamos assim, científica, nós trabalhamos em cima da molécula do Viagra, estudando quais grupos teriam função, em que parte do organismo e, através de análise combinatória, fomos mexendo na estrutura da molécula de tal maneira que fizemos dezenas de moléculas e uma delas se mostrou eficiente, tanto do ponto de vista da disfunção erétil como, inclusive, apresentou algumas outras vantagens, no sentido de interação com álcool. Cometemos um erro primário, eu cometi o erro, que foi um erro de avaliação, ou seja, precisávamos saber como fazer para lançar no mercado e, após vários estudos, o problema foi que não tinha como lançar no exterior diretamente. Durante o período que se gastou no estudo dessa logística, para verificar se a gente conseguia colocar no mercado, saíram os genéricos, que de certa maneira prejudicou muito o nosso lançamento. Se fosse um produto anestésico, “nadaríamos de braçada”, porque já lançávamos anestesia na América Latina. Mas não, era uma área absolutamente nova para nós, e aí houve o erro de planejamento. Dessa maneira, o Helleva vende, mas não vende o que poderia vender.
Schor: A colocação no mercado que você está falando é tão importante quanto as outras fases todas do desenvolvimento e você teve inúmeras outras funções, que vão mais para o lado de uso e de consciência pública, vamos dizer assim. Além da sua função de conector, estudioso, descobridor, queria falar um pouco disso e, depois, um pouco na história da oftalmologia e do simulador que eu gosto muito. Mas você foi suplente de senador, foi presidente de associação, ganhou inúmeras condecorações, foi empreendedor do ano pela Ernst & Young, e você fala muito de poder de compra do Estado; você acha que a gente subestima a compra do Estado brasileiro? Acha que o Estado poderia comprar mais, ele direciona pouco? Como é que você vê isso do ponto de vista macro?
Pacheco: Eu acho que nesse campo está longe de se ter uma unanimidade. Acredito que toda empresa é uma organização em que você empreende. O empreendedor, por definição, é aquele cidadão que corre risco. Porque se der tudo certo, ele tem as vantagens do lucro obtido, mas se der errado, ele vai arcar com os erros do seu cálculo. Onde eu quero chegar? Quando decidimos produzir matérias-primas localmente, para mim era uma obviedade, um negócio que não tem o que discutir. O Brasil importa quase tudo, então, se alguém não fizer alguma coisa, vamos ficar condenados a ser dependente das calendas e, assim, a síntese das matérias-primas, a escolha das matérias-primas era mais importante para nós, mais visada por nós, porque dessa maneira eu tinha o consumidor que me pagava bem, não discutia o preço comigo, portanto deu certo.
Hoje nós produzimos 60% dos princípios ativos que utilizamos e importamos ainda 40%. Nem os Estados Unidos têm 100% de autossuficiência, eles importam também. Mas eu acredito que esse índice ainda está longe, tem espaço para crescer mais e uma das nossas tarefas atuais é o de ampliar o portfólio de matérias-primas. Selecionando as matérias primas que mais nos interessam para investir na síntese dessas matérias-primas. Isso parecia, há um tempo atrás, uma sandice, porque era muito mais fácil ir ao mercado internacional e comprar matérias-primas que são de fácil obtenção, uma boa parte delas. Só que ninguém estava pensando que uma guerra poderia acontecer. Nós já tínhamos tido uma experiência com a guerra das Malvinas, o Atlântico Sul ficou bloqueado e faltou medicamento aqui. Isso me mostrou claramente que a saída era que tinha que se fabricar aqui. Agora, a guerra da Rússia escancarou isso, porque teve uma série de repercussões em diversas áreas, que vão desde os fertilizantes agrícolas até trigo e também matérias-primas.
Dessa forma, acredito que estávamos certos quando decidimos enveredar pelo caminho da produção das matérias primas. E junto com duas coisas, de um lado nós produzimos matéria-prima, do outro lado, eu achei que deveríamos ter o caixa da empresa o mais fortalecido possível; com isso, a distribuição dos lucros seria feita na base de 10%. Eu distribuo 10% e os outros 90% vão para um núcleo que reforça o caixa da companhia. A conclusão da história é que nós estamos sempre com um caixa bastante razoável. E o que significa isso? Que eu posso ter estoques, eu tenho um estoque no mínimo de três meses de matéria-prima, na contramão do just in time. No Japão, o indivíduo pode se dar ao luxo de contar que uma peça x vai ser entregue amanhã, e é entregue. Aqui, se fizermos isso, estamos mortos. Portanto, o que que eu faço? Em vez de ter dinheiro no banco que não está rendendo nada, eu tenho o dinheiro aplicado em matéria-prima, em estoques.
Schor: Ogari, vamos falar um pouco de oftalmologia? A Cristália adquiriu a Latinofarma e você, sabiamente, disse que não ia fazer com que a Latinofarma deixasse de existir, mas sim que ela ia continuar produzindo e funcionando “autonomamente”. Você não quer contar um pouco dessa história também, desse “autonomamente”? Como se deu a iniciativa de vamos entrar no ramo da oftalmologia, que é um ramo nanico perto do ramo da neurologia, da psiquiatria, da cardiologia, da anestesia, enfim, por que você foi para essa área?
Pacheco: É verdade, mas existem algumas questões básicas, elementares, que todo mundo sabe. Quando você aprende a prescrever na faculdade, ainda aluno na residência, é quando vai formar o seu receituário. Então, resolvemos investir na jovem guarda, nos residentes, oferecendo a eles coisas que eles não tinham. No caso específico do simulador, no começo ficamos com dúvida, será que vai funcionar? Será que não vai? E compramos um, hoje estamos com cinco, temos inclusive simulador itinerante. Isso por um lado aproxima o residente de você, aproxima o receituário de você, mas não basta, você precisa paralelamente aumentar o seu portfólio de produtos que sejam compatíveis com o avanço tecnológico que você está mostrando.
Schor: Perfeitíssimo. Ogari, já vamos nos encaminhar para o final, mas eu queria reforçar a importância dos simuladores cirúrgicos que você adquiriu na oftalmologia e na medicina em geral. Nós não tínhamos tecnologia suficiente, eu lembro que para fazer um treinamento intensivo dos cirurgiões, fazia-se a cirurgia em cachorro, operava cadáver, operava um monte de coisa, tecido, tomate, mas não era nada minimamente realista no ponto de vista das cirurgias específicas. E os simuladores cirúrgicos são fantásticos, quem já mexeu fica encantado, porque eles remetem a força que a gente tem que fazer ainda em determinadas manobras, fazem a gravação e te comparam ao longo do tempo, comparam com outras pessoas.
Existem programas novos e, na minha cabeça, eles são uma revolução e pouca gente conseguiu apostar, um pouco pelo custo, mas um pouco, eu acho, porque não tinha um plano traçado, como o que você acabou de dizer. A gente costuma dizer que expert é quem tem mais de dez mil horas em alguma coisa, tipo um piloto é expert depois de dez mil horas de voo, e se a gente conseguisse fazer isso, a população com certeza agradeceria muito e teríamos um caminho muito mais escalável, para quando chegasse no ser humano tivesse uma curva de aprendizado muito menor. Então, de novo, eu acho que isso foi uma jogada genial sua, não no sentido de algo para obter alguma vantagem, mas porque é uma necessidade real.
E é uma tecnologia que estava disponível e aí vou tomar a liberdade de dizer que “só faltava recurso financeiro”. Só que, como você diz, o recurso financeiro vem. Ele está aí para ser gasto. Ele precisa ser bem direcionado, que é o que você faz o tempo todo. Ter essa expertise nata sua, de direcionar para algo que está na sua cabeça, e vejo que você tem tudo já mapeado, você fala que é instinto, e acho que é mesmo, mas de entender o que você precisa para fazer com que as pecinhas se juntem. Eu te agradeço em nome da oftalmologia, mas acredito que a lição que você passa dos laboratórios em relação à nacionalização, à lógica, ao caminho correto, não tem preço, é uma coisa que tem um valor nacional e humano muito grande.
Pacheco: Veja bem, tem uma coisa que você não sabe, nós fomos solicitados pela equipe da anestesia, a nossa equipe, para tentar desenvolver um simulador para ensinar anestesia nas faculdades, mas isso não existe. Então, fizemos um contrato com a mesma empresa da oftalmologia para o desenvolvimento de um simulador para eu aprender raqui fazendo raqui em humanos, que é o que se faz até hoje, mas com certeza vai ser um aprendizado mais rápido e mais fácil, e que vai dar mais segurança para o jovem anestesista se ele puder antes ter a experiência no simulador, isso está já em andamento.
Schor: Estou dizendo que você antevê as coisas e você não dá um ponto sem nó. Isso é fantástico, é muito bom. Ogari, obrigadíssimo, pela conversa, foi um prazer, sempre que eu te encontro eu aprendo muito. Acho que as histórias ensinam muito mais para nós do que as coisas que vêm aleatoriamente. Quando a gente junta os fatos, quem está ouvindo tem um prazer enorme de se colocar nesse local. Mesmo que o tempo tenha sido diferente, a gente se transporta para essas realidades e tem uma felicidade grande de participar disso também, então, muito obrigado, Ogari.
Pacheco: Não por isso, sempre que quiser bater um papo, estamos aqui.
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