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Por Pedro Netto – Graduado em Medicina pela Universidade Federal Fluminense (UFF); Pós-graduado em Medicina do Trabalho pela Universidade Federal Fluminense (UFF); Pós-graduado em Medicina da Família pela Universidade Aberta do SUS (UNASUS)/ UERJ; Residente em oftalmologia no Hospital Federal dos Servidores do Estado-Rio de Janeiro (HFSE).
 
O glaucoma é uma doença neurodegenerativa de origem multifatorial. De acordo com a OMS, esta afecção é a segunda causa de cegueira do mundo – superado apenas pela catarata – e a primeira de causa irreversível. Sua principal característica é o acometimento do nervo óptico associado a perda de campo visual correspondente. A pressão intra ocular (PIO) é o principal fator de risco, sendo, até o momento, o único fator possível de tratamento no manejo de pacientes glaucomatosos.
O entendimento das drogas disponíveis para o controle da PIO é de fundamental importância para o sucesso no tratamento, permitindo a escolha dos medicamentos caso a caso, de modo a maximizar benefícios e minimizar riscos e efeitos colaterais. Abaixo, apresentaremos os principais hipotensores oculares utilizados no tratamento atual do glaucoma:

Hipotensores oculares
Betabloqueadores
Diminuem a pressão intraocular pela redução da produção do humor aquoso. Para muitos oftalmologistas, é o medicamento de primeira linha para o tratamento do glaucoma. São medicações simpaticolíticas ou antagonistas adrenérgicos, atuando nos receptores ² presentes no corpo ciliar que estimula o aumento da produção do humor aquoso. Esta característica é a principal responsável pelos seus efeitos colaterais. São incluídos nesta categoria: Timolol, metilpranolol, levobunolol, carteolol e betaxolol. Este último é uma classe específica que inibe de forma cardiosseletiva o receptor ²1. De forma usual, são utilizados de 12/12h. Seus principais efeitos colaterais são: Bradicardia, hipotensão, broncoespasmo, alucinações, letargia, cefaleia, diarreia, dislipidemias, hiperemia ocular, olho seco. Portanto, é contra indicado em pacientes asmáticos, com DPOC, cardiopatas, portadores de bloqueio atrioventricular de 2º e 3º grau, bradicárdicos e em casos de choque cardiogênico. Uma característica marcante é que apresentam perda de efetividade ao longo do tempo, fenômeno denominado de TAQUIFILAXIA.
Inibidores da anidrase carbônica
Diminuem a pressão intraocular pela redução do humor aquoso. O mecanismo principal é a diminuição da formação do bicarbonato no epitélio do corpo ciliar que participa da produção do humor aquoso. A acetozolamida é a única droga de apresentação oral, com dose máxima de 250mg 6/6h, sendo auxiliar em casos de síndrome do fechamento angular, glaucoma maligno, entre outras. Apresenta como efeitos colaterais: Miopia, acidose metabólica, depleção do potássio, parestesia, diarreia, náuseas, vômito, litíase renal, discrasias sanguíneas. Por esses efeitos colaterais sistêmicos, não deve ser utilizada de forma prolongada e é contra indicada em casos de: hipocalemia, acidose, obstrução pulmonar, alergia a sulfa, uso crônico de AAS, anemia falciforme, falência adrenal e hepática. As apresentações tópicas são Brinzolamida e Dorzolamida, normalmente utilizadas de 8/8h ou 12/12h se associada a outra classe. Apresentam efeitos colaterais de gosto metálico, conjuntivite e borramento visual.
Alfa-2-agonistas
Induzem a redução da pressão intraocular por diminuir a produção do humor aquoso através da inibição da adenilatociclase. As principais medicações desta classe são: Brimonidina e apraclonidina. Para tratamento crônico normalmente são utilizados de 12/12h. A Brimonidina possui efeito adicional hipotensor por aumentar a drenagem do humor aquoso via uveoescleral. Além disso, diferente das outras drogas da mesma classe, não apresenta perda do efeito a longo prazo (taquifilaxia). Os efeitos colaterais mais comuns são: fadiga, boca seca, conjuntivite folicular, retração palpebral, uveíte, miose, cefaleia, letargia, reações alérgicas. A apraclonidina é contraindicada em associação com inibidores da monoaminoxidase (MAO).
Análogos da prostaglandina
Reduzem a pressão intraocular por aumentar o fluxo de drenagem do humor aquoso via uveoescleral. Os principais agentes dessa classe são: Latanoprosta, Travoprosta e Bimatoprosta. A posologia é de dose única a noite. Os principais efeitos colaterais são: hiperemia ocular, edema macular cistoide, aumento dos cílios, aumento da pigmentação iriana e periocular e reabsorção parcial da gordura orbitária. A bimatoprosta é um análogo sintético da prostamida que, além de aumentar o fluxo via uveoescleral, age aumentando o fluxo via trabecular. Possui outra característica de grande importância que é o fato de não estimular os receptores prostanoides, portanto, não é mitogênico e não contrai o útero. Os análogos de prostaglandinas não são indicados em caso de inflamação e infecção ativa ocular.

Fonte: PEBMED

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