O olho seco é uma doença que afeta milhões de pessoas no planeta e causa uma série de consequências sociais e econômicas. Para alertar a população sobre essa doença, em 2017 foi lançada, nos Estados Unidos, a campanha Julho Turquesa. Três anos depois, a iniciativa chegou ao Brasil pelas mãos do oftalmologista José Álvaro Pereira Gomes, professor adjunto livre docente do Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulista de Medicina/Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); e da Associação dos Portadores de Olho Seco (APOS).
“É uma iniciativa global que trouxemos para o Brasil para podermos divulgar essa questão para a população, principalmente porque trabalhos recentes feitos no mundo todo têm mostrado uma prevalência muito alta de olho seco. Além de ser muito prevalente, tem aumentado a incidência, principalmente entre os jovens, por causa do uso excessivo de telas, um dos fatores de risco para olho seco”, explica Gomes.
A doença atinge entre 12% e 40% da população mundial, dependendo das condições étnicas e geográficas. Sabe-se, por exemplo, que a taxa de olho seco é maior nos países asiáticos. No Brasil, Gomes revela que há dois grandes estudos que apontam que síndrome acomete cerca de 20% dos brasileiros.
Mas o que causa o olho seco? Em 2017, durante o Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) foi realizada uma reunião de consenso de olho seco que definiu que essa é uma doença multifatorial da superfície ocular que se caracteriza pela perda da homeostase do filme lacrimal e que está acompanhada de inflamação e instabilidade da lágrima. Além do tempo em frente às telas, outros fatores que contribuem para o olho seco são, por exemplo, a idade (quanto mais idoso, maior a chance de ter olho seco), pessoas que ficam expostas por muito tempo a ar condicionado, uso de medicamentos, como os hormonais, etc.
O professor da Unifesp aponta a importância de, além de explicar à população sobre o que é a doença, educá-la para não se automedicar. “É preciso orientar as pessoas a procurar um oftalmologista, que é quem poderá diferenciar o olho seco de outras doenças que acometem a superfície ocular e orientar sobre o tratamento mais adequado. Como é uma doença multifatorial, muitas vezes está relacionada não à quantidade, mas à qualidade da lágrima. Sem contar que o olho seco pode evoluir para uma forma inflamatória que pode comprometer a visão e a qualidade de vida faz pessoas”, explica Gomes. E por que a campanha tem a cor turquesa? “Porque o turquesa representa a lágrima e assim acentua-se a importância da boa lubrificação ocular para a manutenção da visão e da qualidade visual”, conclui.