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Tecnologia criada por pesquisadores chineses pode revolucionar a oftalmologia, a segurança e a acessibilidade visual

Uma inovação promissora está surgindo no campo da ciência da visão: lentes de contato capazes de detectar radiação infravermelha, permitindo que usuários enxerguem no escuro — inclusive com os olhos fechados. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia da China (USTC), a tecnologia foi publicada na revista Cell Reports Physical Science e representa um avanço no uso de nanopartículas aplicadas à oftalmologia.

Como funcionam as lentes infravermelhas?

A tecnologia utiliza nanopartículas de conversão de frequência, que captam a radiação infravermelha (invisível ao olho humano) e a transformam em luz visível. Essas partículas são inseridas em uma lente de contato fina e biocompatível, sem a necessidade de baterias, cabos ou qualquer fonte externa de energia.

Um dos diferenciais é que a lente permite enxergar até mesmo com os olhos fechados. Isso é possível porque a radiação infravermelha atravessa a pele e as pálpebras com mais facilidade do que a luz visível, criando imagens mais contrastadas mesmo em ambientes sem iluminação.

Potenciais aplicações

A invenção ainda está em estágio experimental, mas já desperta o interesse de diversas áreas, incluindo:

  • Segurança pública e militar: uso em operações noturnas, com maior mobilidade e discrição do que os tradicionais óculos de visão noturna.
  • Medicina e cirurgia: possibilidade de observar estruturas internas iluminadas por fontes infravermelhas, como marcadores fluorescentes usados em procedimentos médicos.
  • Acessibilidade: usuários com deficiência visual poderão se beneficiar da amplificação sensorial proporcionada pela lente.
  • Criptografia e comunicação visual: os pesquisadores demonstraram que é possível esconder símbolos e mensagens visíveis apenas com o uso das lentes.

Limitações atuais

Apesar do potencial, a tecnologia ainda enfrenta desafios:

  • A nitidez da imagem não é comparável à visão convencional, pois a luz gerada é muito próxima à retina e tende a se espalhar.
  • As lentes funcionam apenas em ambientes com fontes intensas de radiação infravermelha — como LEDs especiais.
  • O custo estimado de produção gira em torno de US$ 200 (cerca de R$ 1.000) por par de lentes, o que limita sua disponibilidade em larga escala no curto prazo.

Uma nova era para a oftalmologia?

A combinação entre nanotecnologia, neurociência e óptica abre caminho para um novo paradigma no cuidado ocular e nas interfaces visuais. Ainda que o uso clínico esteja distante, a pesquisa aponta para um futuro em que ver além da luz visível não será exclusividade de equipamentos robustos e caros, mas parte de um acessório que cabe no olho humano.

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